Opinião de Maia vai de encontro a ideia proposta pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de adiar o pleito de 2020. Foto: Agência Brasil.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, se posicionou mais uma vez contrário ao adiamento ou à suspensão das Eleições Municipais deste ano em razão da crise do coronavírus. Na semana passada, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, propôs uma postergação do pleito marcado para outubro.

Maia afirmou que não há previsão constitucional para a mudança no pleito e que isso abriria um precedente perigoso no futuro, caso um Presidente da República queira prorrogar o seu mandato. As declarações foram feitas num evento nesta sexta-feira (27).

“No futuro, um presidente que tenha um comando forte poderia criar uma crise e prorrogar o seu mandato, isso não é uma questão simples, não é uma questão que se resolva fácil”, afirmou Maia.

“Vamos cuidar dos dois próximos meses, garantir a previsibilidade, montar um planejamento para o setor produtivo voltar a produzir. Depois desses dois meses, espero, vai se liberando a sociedade e passamos a ter condições de realizar as eleições. Não podemos tratar de prorrogação de mandato: a população vota por quatro anos e não por seis. Isso precisa ser respeitado”, disse Rodrigo Maia.

Reformas

Maia negou que a votação das Reformas previstas para este ano foram postergadas para 2021. Segundo ele, as Reformas só não foram votadas porque o governo não mandou nenhuma proposta de Reforma Administrativa e Tributária. Maia disse que, após superar a crise atual, a Câmara pode retomar o debate das reformas.

“Nunca dissemos que as reformas foram adiadas para 2021, não votamos antes porque o governo não mandou nenhuma”, criticou o presidente da Casa.

Na avaliação de Rodrigo Maia, com reformas aprovadas ou não, é necessário alocar recursos públicos para enfrentar a crise. Ele criticou o discurso de parte da equipe econômica que diz que a solução para a crise atual é a votação das reformas pelo Congresso.

“O pessoal da equipe econômica diz que precisa das reformas. Agora, neste momento, precisamos salvar vidas e empregos. Se o governo nos der a previsibilidade [no enfrentamento desta crise], eu garanto que a gente volta à pauta da reforma. Se eu não tenho previsibilidade, as demandas são o adiamento de imposto, dos aluguéis, como vamos pagar o salário”, declarou Maia.

Com informações da Câmara dos Deputados.