Tribunal Superior Eleitoral decidiu que não vai alterar a data final da chamada “janela partidária”. Foto: TSE.

A pandemia de coronavírus que atingiu todo o mundo, e que mais recentemente, fez o Comitê Olímpico suspender a realização dos Jogos Olímpicos do Japão, tem preocupado políticos do Brasil em ano eleitoral, principalmente, pretensos candidatos a prefeito e vereador, uma vez que 2020 é ano de eleições municipais. Apesar de muitos dizerem que este não é o momento para tratar do assunto, o tema tem dividido opiniões nos bastidores da política local. Junto com a Covid-19, é o que mais se comenta entre lideranças políticas do Estado.

O presidente do PSDB do Ceará, Luiz Pontes, por exemplo, já informou ao Blog que iria tentar convencer junto à executiva nacional da legenda uma outra opção para o período eleitoral deste ano, algo como adiar para meses posteriores.

Membro da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Fortaleza, Gardel Rolim (PDT), defendeu a tese de adiar o pleito de 2020. Outros vereadores, porém, chegaram a sugerir que houvesse junção das disputas (municipal, estadual e nacional) em 2022, que segundo eles, resultaria em economia para o País.

Deputados federais também têm demonstrado preocupação com isso, apesar de não externarem publicamente. Dentre as sugestões colocadas por eles está o adiamento para dezembro de 2020, dependendo do avanço ou recuo do coronavírus no Brasil. Há ainda aqueles que defendem eleições para março de 2021, e os que querem juntar o pleito municipal com as eleições gerais de 2022.

Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que não vai alterar a data final da chamada “janela partidária”. Em nota divulgada nesta segunda-feira (23), a presidente da corte, a ministra Rosa Weber, afirmou que é “precoce” o debate sobre adiamento das eleições municipais 2020, “não sendo demais repisar que tem como objeto matéria prevista expressamente no texto constitucional e na legislação infraconstitucional”.

“Eleições é o que menos nos preocupa neste momento. Este não deve ser o foco do debate”, defendeu o deputado federal Capitão Wagner (PROS), pré-candidato a prefeito de Fortaleza. Segundo ele, é preciso avaliar até onde esta crise vai se dar no País, e focar energia para tentar minimizar o impacto na saúde das pessoas e na economia brasileira. “Depois a gente pensa nas eleições, se elas acontecem ou não”, frisou.

O presidente da Câmara de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), afirmou que o momento é delicado, com números consideráveis de infectados na Capital cearense. Segundo ele, o esforço é em informar a população sobre a doença, orientar os cidadãos para prevenção e garantir o atendimento de saúde dos doentes.

Filiações sendo feitas

“Eleição é uma discussão para um outro momento, tenho acompanhando alguns pronunciamentos no Congresso mas não é o nosso foco. Queremos garantir que o nosso Estado e o País como um todo, consiga solucionar essa epidemia o mais brevemente possível e que tudo seja retomado sem grandes prejuízos para população. Isso inclui o cumprimento do calendário eleitoral”, disse.

Conforme Henrique, tudo vai depender do comportamento da epidemia no País. “Ainda é muito cedo para fazer qualquer previsão sobre o processo eleitoral”, frisou.

No Partido dos Trabalhadores (PT), assim como em outras legendas, o trabalho continua sendo realizado, filiações sendo feitas, mesmo com o temor de adiamento da disputa eleitoral.

Bem maior

Na segunda-feira (23), prazo final para inscrições de candidaturas no partido, Luizianne Lins se colocou como pré-candidata do PT em Fortaleza. Já o prefeito Zé Ailton Brasil confirmou filiação à sigla petista no Crato. Ele é pré-candidato do PT à reeleição naquele Município.

Para o vereador Sargento Reginauro, que se filiou semana passada no PROS, “não se pode colocar eleições acima do bem maior, que é a vida”. Segundo ele, o Ceará se encontra em estágio preocupante, uma vez que o prognóstico dos próximos dias não é bom. “Eu acho que não se pode abrir mão das recomendações dos especialistas”, disse.