Chegada das águas do Velho Chico, para aliviar os problemas com a seca no Ceará, é um antigo sonho dos cearenses. Foto: Agência Senado.

Presidente da Comissão Especial de Acompanhamento das Obras do Rio São Francisco da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, o deputado Guilherme Landim (PDT), lamentou novo atraso nas obras da transposição e disse temer que águas cheguem ao Açude Castanhão somente em 2021.

O deputado afirmou que tomou conhecimento de um vazamento no Dique de Negreiros, em Salgueiro/PE, que deve acarretar na impossibilidade da chegada das águas da transposição ao Ceará ainda em março deste ano, como estava previsto pelo Governo Federal. Guilherme Landim enfatizou que vai dar entrada na Casa em um requerimento solicitando do Ministério do Desenvolvimento Regional informações sobre o andamento das obras de reparo no vazamento, além de um novo cronograma da transposição das águas.

No entanto, o parlamentar afirma que, de forma ainda não oficial, soube que as obras de reparo em Pernambuco deverão demorar cerca de 60 dias ainda. Somente depois disso que o dique poderá ser cheio, passando então para o de Milagres/PE, para somente então as águas seguirem para o dique de Jati, no Ceará, o que demoraria de quatro a cinco meses.

Seca impede chegada das águas ao Castanhão

Guilherme explica que, caso tudo ocorra bem, as águas do Velho Chico chegarão ao Estado somente no segundo semestre, o que impediria que fossem transferidas ao Açude Castanhão, que hoje encontra-se com menos de 5% de sua vazão. “A nossa preocupação, que a gente vinha trazendo desde o ano passado, de que se essa água não chegasse no primeiro semestre deste ano aqui ao Ceará, ela não teria como chegar ao Castanhão em 2020, já que no período de seca não é recomendado que ela vá através de leito do rio”, explicou o deputado ao Blog do Edison Silva.

O presidente da comissão explica que no trajeto do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), as águas do Velho Chico seguiriam pelo leito do Riacho Seco, no Vale do Salgado, que não vem recebendo aporte de chuvas. Assim, dos 12 milhões de metros cúbicos de água que seriam despejados para o CAC, especialistas calculam que, em período de seca, apenas cerca de 2 mil metros cúbicos chegariam ao Castanhão. “Dessa forma, seria mais prudente reter essa água no reservatório de Jati, para evitar evaporação de grande parte dela, até porque o Estado pagará caro pela água do São Francisco que for consumir”, concluiu o parlamentar.

Solução passa por atuação conjunta interestadual

Landim quer conhecer o novo cronograma do Ministério do Desenvolvimento Regional. Foto: ALECE.

Articulada por deputados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, a Frente Parlamentar Interestadual em Defesa das Obras da Transposição realizará reunião na próxima semana, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Além do encontro, a Frente organiza uma audiência em Brasília com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, a fim de obter soluções para o atraso da chegada águas nos quatro estados.