Em sua primeira sessão plenária após o término da paralisação da Polícia Militar, deputados estaduais cearenses, em meio a elogios distribuídos à diversas pessoas e instituições, discutiram sobre lições que todo o entrave deixou para a sociedade cearense.
Um dos líderes do movimento dos policiais, o deputado Soldado Noelio (Pros), que chamou o movimento de ‘pedido de socorro’, afirmou que é necessário que a Casa e o governo analisem as causas da paralisação. Ele voltou a reclamar da não regulamentação da carga horária de trabalho dos policiais, comparando a categoria a ‘escravos dos tempos modernos’, por não poderem sequer reclamar das más condições impostas. “Sabe o que o Estado faz com policiais que têm famílias expulsas de comunidades, simplesmente por serem da Polícia? Nada! E não é uma questão de estado?”, questionou.
Para o deputado Renato Roseno (Psol), é preciso compreender as causas que levaram aos conflitos na segurança pública. “Não podemos ter repetidamente uma queda braço onde só quem perde é a sociedade”, disse. Renato defendeu que a Assembleia sedie um amplo diálogo sobre a política de segurança no Estado. “Já que a Assembleia sai com legitimidade deste processo, vamos pensar em estratégias de prevenção de policiamento, de formação de carreira, de saúde mental e integridade dos profissionais, criando não só uma agenda reativa, mas propositiva”, sugeriu Roseno, lembrando que, apesar de vedar o movimento grevista aos policiais, a Constituição determina que o Estado ouça as demandas desses profissionais.
O deputado Acrísio Sena (PT), em conversa com o Blog do Edison Silva, falou em lições a serem tomadas com todo o imbróglio. “Vamos ter tempo agora para pensar as coisas, com a cabeça fria, com o Estado em paz, para nós começarmos a pensar algo a médio e longo prazo no Legislativo”, disse o parlamentar.
Para o petista, já na próxima reunião do pacto Ceará Pacífico deverão ser apresentadas reflexões sobre o movimento e ‘estratégias de reverter algumas questões que são necessárias’. Demandado sobre quais seriam essas questões, Acrísio citou o processo de formação dos policiais, como podendo ser algo mais permanente e continuado e até um pouco mais extenso; a política de saúde mental, com uma atenção psicossocial continuada com a tropa; além da questão dos novos concursos na área, de como serão feitos.
Heitor Férrer (SD) sugeriu que os policiais determinem suas lideranças para que se instale um programa de valorização dos policiais ao longo dos anos.
Delegado Cavalcante (PSL) afirmou que quando a comissão permanente para apurar as demandas dos policiais militares for instalada e começar a trabalhar, “encontrará muita tristeza”. Ele ressaltou as péssimas condições de trabalho e o desequilíbrio entre as remunerações e o trabalho exercido pela tropa.
Cavalcante afirmou que os pedidos da categoria não se resumem aos 50 mil policiais existentes, pois juntando-se com suas famílias, são mais de 200 mil cearenses diretamente envolvidos. O delegado também criticou a questão da carga horária da categoria, assim como fez críticas ao Issec, plano de saúde criado para atender os servidores públicos estaduais.