Leonardo Araújo disse que discussão veio após acaloramento de ânimos. Foto: Marcelo Bloc/Blog do Edison Silva.

Após serem repreendidos pelo presidente José Sarto (PDT) pelo bate-boca durante a sessão plenária da última terça-feira (10), os deputados Leonardo Araújo (MDB) e Osmar Baquit (PDT) pediram publicamente desculpas pelas cenas deprimentes que proporcionaram e a má repercussão que o assunto gerou.

Os dois, contudo, estão ameaçados de serem levados ao Conselho de Ética. Baquit poderá responder por uma representação a ser feita pelo PROS, articulada por Leonardo Araújo e André Fernandes, e Leonardo por manifestação do PSD, por iniciativa do presidente estadual da sigla, Domingos Filho, e pelo PDT, partido de Osmar Baquit.

Durante o primeiro expediente da sessão ordinária desta quinta-feira (12), Leonardo Araújo (MDB) falou como sexto e último orador, logo após André Fernandes (PSL) comparar a discussão, ocorrida esta semana, com o caso de junho do ano passado, quando o próprio André acusou um parlamentar, sem provas, e acabou levado ao Conselho de Ética. “Tinha feito um propósito de não tocar mais nesse assunto, em virtude dos excessos. Mas o André me ligou ontem à noite, avisando que traria o assunto à Tribuna, então me preparei para falar”, disse Leonardo.

Leonardo desculpou-se pela cena que teve a ‘infelicidade de participar, no momento que houve um acaloramento pessoal’. Ele afirmou ter disputas eleitorais em municípios com diversos deputados, mas sem problemas de convivência.

Conselho de Ética

O deputado admitiu concordar com quase a integralidade das comparações feitas pelo colega André Fernandes. “Peço a todo o povo do Ceará desculpas e qualquer procedimento que for adotado pela Mesa Diretora contará com a minha colaboração”, assinalou.

O parlamentar afirmou que o pedido de resposta que fez na última terça, após a fala de Baquit, era apenas para saber em que termos havia sido desrespeitoso com a deputada Patrícia Aguiar (PDT), para poder pedir desculpas.

Leonardo disse que sempre defendeu que a denúncia contra André Fernandes no Conselho de Ética não tenha uma ‘penalidade excessiva’, para que ‘não se abram precedentes’. Por fim, solicitou que o deputado Walter Cavalcante (MDB) o substitua durante o andamento do processo. “Agora, estando na mesma situação, não me sinto legitimado a julgar”, disse.

Baquit disse que se submete à avaliação da Casa em eventual representação ao Conselho de Ética. Foto: Marcelo Bloc/Blog do Edison Silva.

“O tema de meu pronunciamento naquele dia era um tema nacional, não fiz ataques pessoais dessa vez, posso ter feito em outros pronunciamentos. Não podemos cercear a fala de um deputado porque há qualquer parente nessa Casa. Com relação ao enfrentamento que tenho feito em relação às emendas impositivas, não retiro uma única virgula do meu pronunciamento, mas em relação a ter respondido ao deputado Baquit, eu tenho obrigação de me desculpar”, concluiu.

Baquit também se retrata

Durante o pronunciamento de Leonardo Araújo, Osmar Baquit adentrou ao Plenário e posicionou-se no outro púlpito existente, já preparado para falar. Ao término da fala do colega, como este já era o último orador do primeiro expediente, Osmar teve que ir sentar-se na Mesa Diretora e aguardar as votações da ordem do dia.

Findadas as votações, sem muita polêmica ou demora, Baquit fez um rápido pronunciamento durante o Pela Ordem. “Não tenho problema algum em me desculpar. A harmonia dessa Casa é mais importante do que questões pessoais”, disse o deputado, que afirmou já ter feito o pedido de desculpas anteriormente. “Já conversamos, me desculpei, não tenho nenhum problema nisso. Fiz um pedido de desculpas por escrito, postei nas minhas redes sociais, bem como ao Colégio de Líderes”, ressaltou.

Ameaça de processo

O pedetista disse submeter-se à avaliação da Casa, no Conselho de Ética, caso assim entenda necessário, mas ameaçou processar um deputado – disse apenas não ser Leonardo Araújo – que o chamou de ‘Pipoca’. Ele explicou que Pipoca é uma quadrilha organizada que comete crimes no Interior. “Não aceitarei isso. Homem público só tem a honra. E eu não tenho nada que manche minha história como pessoa pública. Se eu tivesse algo que manchasse minha honra, eu não teria sido chamado para assumir nenhum cargo que assumi até hoje”, rechaçou, lembrando ter sido líder de diversos governos anteriores, além de secretário de Estado.

A acusação, mesmo sem citação explícita, foi ao deputado André Fernandes que, durante bate-boca entre os dois há duas semanas, referindo-se a Baquit, disse que ia para casa “comer pipoca com guaraná”.