Bolsonarista, André Fernandes é um dos principais apoiadores do presidente no Ceará. Foto: Divulgação.

Após ser processado pela repórter do jornal Folha de S.Paulo, Patrícia Campos Mello, o deputado estadual André Fernandes (PSL) afirmou que deu pouca importância ao assunto, pois acredita que não ofendeu a profissional de imprensa em publicação feita no twitter. Na Assembleia Legislativa do Ceará, o parlamentar é alvo de processo por quebra de decoro parlamentar após acusar, sem provas, um colega de parlamento, de envolvimento com facções criminosas no Estado.

A repórter Patrícia Campos Mello apresentou à Justiça uma ação com pedido de indenização por danos morais contra Fernandes por um ataque a ela com ofensa de cunho sexual publicado por ele em rede social.

Em seu perfil no Twitter, ele publicou: “Se você acha que está na pior, lembre-se da jornalista da Folha de SP que oferece SEXO em troca de alguma matéria para prejudicar Jair Bolsonaro. Depois de hoje, vai chover falsos informantes para cima desta senhora. Força, coragem e dedicação Patrícia, você vai precisar!”.

Os comentários de Fernandes foram feitos após o ex-funcionário de empresa de disparos virtuais em massa, Hans Nascimento, prestar depoimento em Brasília na CPMI das Fake News e insinuar que a repórter buscava informações para reportagem “a troco de sexo”. Também em decorrência de ataques de cunho sexual, os advogados de Patrícia já tinham iniciado processos cíveis contra o presidente Jair Bolsonaro, Hans River e Allan dos Santos, apresentador do canal online Terça Livre.

“Eu não tenho nenhuma posição sobre isso, dei pouca importância ao assunto”, disse André Fernandes ao Blog do Edison Silva. “Nem vi o processo, só vi a notícia. Mas não é algo que me preocupa, não falei nada de mais. Ela tem todo o direito de me processar. É assim que funciona a democracia”, afirmou.

André Fernandes entrou em outra polêmica nas redes sociais, desta vez com a âncora do programa Roda Viva, da TV Cultura, Vera Magalhães. Segundo ele, a jornalista tem contrato com o Governo do Estado de São Paulo, e recebe mensalmente R$ 500 mil do governador João Dória Jr. Magalhães disse em suas redes sociais que vai processar o deputado.

“Deputado @andrefernm não tem ninguém sofrendo de coronavírus no seu estado? O senhor vai pro processo também. Aguarde”, disse Vera Magalhães, a quem o parlamentar chamou pejorativamente de “Verba Magalhães”.

Questionado sobre as diversas polêmicas que foi protagonista, o parlamentar afirmou que gosta de se posicionar sobre os mais diversos assuntos. “Não sou de ficar em cima do muro. Sou sim ou não e falo mesmo. Não temo repercussão negativa ou positiva. Fui eleito para isso. Na minha campanha eu falava até demais, e continuo assim”.

A Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa já aprovou a suspensão de 30 dias das atividades legislativas do deputado por quebra de decoro parlamentar. No ano passado, ele acusou o pedetista, Nezinho Farias, de envolvimento com facções criminosas, sem provas. O caso foi parar no Conselho de Ética da Casa.

Suspende

Sobre o assunto, ele disse que os embates recentes entre os deputados Osmar Baquit (PDT) e Leonardo Araújo (MDB), com troca de insultos, é semelhante ao dele. Por isso, espera que a Casa tome uma atitude isonômica, também punindo os envolvidos na discussão ocorrida há duas semanas no Plenário 13 de Maio.

A proposta de Resolução que suspende André Fernandes por 30 dias já está pronta para ser votada. No entanto, o presidente da Mesa Diretora, José Sarto (PDT), ainda não pautou a votação. Caso a Assembleia vote a medida durante a quarentena por coronavírus, a ação terá pouca eficácia, uma vez que os parlamentares já estão impedidos de irem até a sede do Poder Legislativo pelas próximas semanas.

Eleições Municipais

“Eles vão adiando essa votação porque querem me dar umas férias muito longas, só pode”, ironizou Fernandes. Apesar de estar filiado ao PSL, o parlamentar também comprou briga com o presidente estadual da legenda, o deputado federal Heitor Freire.

André aguardava a criação do Aliança Pelo Brasil, partido do presidente Jair Bolsonaro, para deixar os quadros de seu atual partido. No entanto, a legenda não será criada a tempo das eleições municipais deste ano. Sobre isso, Fernandes afirmou que apoiará qualquer candidatura “que tire os Ferreira Gomes do poder”.