Baquit e Leonardo Araújo partiram pra briga mas foram contidos pelos colegas. Foto: Marcelo Bloc/Blog do Edison Silva.

Não é comum ecoar tanto adjetivo pejorativo, em tão pouco tempo, na Casa que representa o Poder Legislativo do Estado, como os proferidos pelos deputados estaduais Leonardo Araújo e Osmar Baquit, na sessão ordinária desta terça-feira (10), motivando a suspensão dos trabalhos para conter o escândalo. Foi um momento de estupefação, tão baixo era o nível da troca de insultos com palavras como moleque, garganta de aluguel, vagabundo, veado, safado, pipoca (referente a uma gangue em Quixadá), e outras tantas mais condizentes a ambientes frequentados por figuras socialmente desqualificadas.

Uma nota do presidente da Assembleia, deputado José Sarto, publicada no meio da tarde, poucas horas depois da balbúrdia, diz que os brigões foram admoestados e a questão será levada ao Colégio de Líderes. É pouco. Os dois deveriam ser levados ao Conselho de Ética, pois quebraram o decoro parlamentar tanto quanto ou mais que o deputado André Fernandes, hoje ameaçado de uma suspensão de 30 dias. Os jovens estudantes que estavam nas galerias da Assembleia, e os telespectadores da TV do Legislativo, cuja transmissão abruptamente foi cortada, não devem ficar contentes só com os termos de uma retratação.

O incidente desta terça-feira (10) já era esperado. Não com o envolvimento do deputado Osmar Baquit, figura central do problema por ter assumido a defesa da deputada Patrícia Aguiar, agredida pelo deputado Leonardo Araújo que, acintosamente, com ela presidindo a sessão, consequentemente impossibilitada de sequer aparteá-lo, teceu comentários agressivos contra o filho e o marido da deputada, respectivamente o deputado federal Domingos Neto, e o ex-vice-governador do Ceará, Domingos Filho, por conta da política da Região dos Inhamuns. Patrícia, depois de sair da presidência da sessão, respeitosamente, na tribuna, respondeu a Leonardo.

Osmar foi duro ao protestar contra o discurso de Leonardo. Não lhe deu aparte, como também não concederam a palavra a Leonardo para rebater Baquit, os dois outros oradores seguintes, desconfortados com a posição dele de agredir a uma colega nas pessoas do filho e do marido dela. Leonardo, há dias estava anunciando que ia fazer denúncias contra os Domingos. Ele está indignado com as incursões políticas de Domingos Filho, enquanto presidente estadual do PSD, nas filiações de políticos no Interior do Estado saídos do MDB, partido de Leonardo, além dos efeitos adversos que contabiliza na política dos Inhamuns.

A palavra pipoca, em meio as de moleque, garganta de aluguel, safado e outras, quer sugerir que o deputado Osmar Baquit participa da gangue que aterrorizou o Município de Quixadá e outros próximos dele. André Fernandes foi levado ao Conselho de Ética da Assembleia, no ano passado, por ter dito no plenário 13 de Maio que o deputado Nezinho Farias, por ter apresentado um determinado projeto de Lei, era ligado a facções criminosas. O Conselho de Ética decidiu suspender o deputado de suas atividades parlamentares por um período de 30 dias, embora a sentença ainda não tenha sido oficializada. Por isso, também, Leonardo deveria ser levado ao Conselho de Ética.

Nota da Presidência

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Sarto (PDT), lamentou, por meio de nota, o episódio ocorrido na manhã desta terça-feira (10), envolvendo os deputados Leonardo Araújo (MDB) e Osmar Baquit (PDT). Ele informou ter reunido os dois parlamentares, que já se desculparam e concordaram em se retratar com a população cearense pelos excessos.

Em nome da Mesa Diretora, Sarto reiterou apelo para que os debates no Legislativo Estadual sejam feitos com zelo e respeito ao contraditório. O presidente comunicou ainda que o tema será pauta da próxima reunião do Colégio de Líderes.

Veja o vídeo da discussão entre Osmar Baquit e Leonardo Araújo no Plenário 13 de Maio: