Seguramente não será um bom vereador quem, até o momento, sequer sabe por qual partido disputará o mandato na Capital ou em qualquer Município do Estado. Também, não merece respeito o partido cujo estatuto omite critérios para receber filiações, ficando assim exposto a aventureiros e oportunistas que buscam apenas a legenda mais vantajosa para o seu objetivo eleitoreiro. O prazo de filiação partidária termina no próximo dia 3 de abril, portanto, daqui a dezoito dias, inclusive para quem quer trocar de legenda, aproveitando o favor da lei, conhecido popularmente como “janela”.

O candidato consciente, com perspectiva de ser um bom vereador, tem obrigação de saber por qual partido disputar o mandato, muito antes de propriamente definir a postulação, posto ser condição primeira para quem quer ter mandato eleitoral, ser filiado a um partido. Não existe no País a figura da candidatura avulsa, apesar dos esforços de uma minoria de implantá-la no nosso sistema eleitoral. Óbvio que se até agora o pretenso candidato não tem filiação, também não tem projeto para o mandato a ser exercido, posto a necessidade de ter as suas ideias agregadas aos ideais da sigla por cuja legenda chegou ao Legislativo.

Infelizmente, a maioria das nossas agremiações políticas, dominadas por “coronéis”, não se preocupa com a qualidade dos seus quadros. Está mais preocupada com a satisfação dos interesses pessoais imediatos dos dominadores, e com o volume de candidatos, só para aumentar o seu valor junto aos governos do que propriamente cumprir sua missão como importante agente do sistema democrático. E é exatamente por essa anomalia que tão pouca importância têm as nossas agremiações partidárias.

Lamentavelmente, não se vislumbra mudanças nesse quadro. A cada eleição, de dois em dois anos no Brasil, uma lei específica é acionada para permitir que vereadores e deputados possam mudar de partido, num prazo de 30 dias, sem agredir a Lei da Fidelidade partidária, que obriga o detentor de mandato legislativo a permanecer na sigla durante pelo menos 4 anos, fazendo algumas concessões. Os prefeitos, senadores, governadores e o presidente da República, no entanto, podem mudar de partido no momento que lhe for mais conveniente, sem qualquer impedimento legal.

Neste momento, o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, está sem partido e tentando fundar o seu próprio. Há pouco mais de um ano ele foi eleito pelo PSL, sem, na verdade, ter qualquer afinidade com a agremiação. Filiou-se para disputar a eleição, depois de ter passado por várias outras siglas ao longo dos seus mandatos de deputado federal. Com ele, pelas mesmas razões, também está sem partido o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.