O anglicismo é proposital: seagulls. Essas gaivotas, na verdade, são gringas, sem ofensa, mas acima de tudo, são guerreiras atrevidas e viajam todos os anos desde a Costa Leste dos Estados Unidos, fugindo do frio invernal, para se alimentar aqui mesmo, no litoral cearense. Quando vi as primeiras pousando próximas às jangadas, peguei a câmara e não poupei cliques.

Dezenas, centenas, quase cheguei a um milhar. Afinal de contas, cartões de memória aguentam a farra do fotógrafo deslumbrado. Algumas delas carregavam anéis de identificação em suas pernas finas que servem para atestar suas origens e confirmar que voam de muito longe para sobreviver.

Empolguei-me com a história delas principalmente depois de ler Fernão Capelo Gaivota, cujo título original é Johnatan Livingston Seagull. Quem buscar o filme no Google, haverá de se encantar com as imagens e a trilha sonora, isso para não falar da mensagem motivadora. A única foto que não mostra uma gaivota, mas um Quero-quero atrevido atazanando o gato é uma homenagem a essa parente distante e que guarda semelhanças indiscutíveis.

As mudanças na Avenida Beira Mar, tiraram os referenciais dessas aves. Já as procurei em dois anos seguidos, na época em que costumavam se alimentar com pequenos peixes que não interessavam aos pescadores e vísceras daqueles maiores que eram tratados ali mesmo, mas não as encontrei mais. Ficam as lembranças fotográficas do espetáculo de seus voos e mergulhos bem ali, diante dos nossos olhos e lentes.
Texto e fotos:
A.Capibaribe Neto
Especial para o Blog do Edison Silva.