Elmano acusou Noelio de não ter coragem de dizer à tropa amotinada que ela está errada. Foto: ALECE.

As longas discussões durante a sessão extraordinária deste sábado (29) na Assembleia Legislativa do Ceará acabaram, muitas vezes, em embates de deputados da base governista de Camilo Santana e o deputado de oposição Soldado Noelio (Pros), um dos líderes dos policiais militares desde o início das negociações.

O deputado Elmano Freitas (PT) subiu o tom contra o colega. Para ele, é amplamente conhecida a estratégia utilizada por Noelio, da apoiar o motim e as infrações cometidas, para depois voltar à Assembleia e dizer que quer solução. “A solução foi negociada com vossa excelência depois chorando de alegria, comemorando que os valores se aproximavam aos dos policiais do Maranhão. Mas aí, com medo de perder votos para novas lideranças, não tem coragem de dizer à tropa que ela está errada”, acusou.

O petista agradeceu ao governo Bolsonaro pela renovação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que mantém militares fazendo a segurança no Ceará. No entanto, criticou a fala do presidente da República, afirmando que o problema da segurança no Ceará é do governador Camilo Santana, que deve resolvê-la, pois não renovará a GLO para sempre.

Para Audic Mota (PSB), a dificuldade de apontar interlocutores aprovados pelos manifestantes faz parte da uma estratégia para que não haja negociação, protelando-se o problema, deixando o governo pressionado com a aproximação do fim de mais um período de GLO, vigente até a próxima sexta-feira (6). “Noelio está mais perdido do que cego em tiroteio. Ele diz com quem vai negociar, mas não tem quem vai por em negociação”, afirmou.

Também fizeram pronunciamentos críticos a Soldado Noelio diversos outros parlamentares, como Acrísio Sena (PT), Leonardo Araújo (MDB), Osmar Baquit (PDT) e Queiroz Filho (PDT).

Vontade de punir

Para Soldado Noelio, a sessão extraordinária deste sábado (29) mostra que a vontade de punir é maior do que a vontade de resolver o problema. Para ele, a sessão extraordinária, assim como a PEC enviada pelo governador Camilo Santana, não passam de atitudes politiqueiras, visto que já cabe ao governador a decisão de punir ou não os policiais paredistas.

Noelio questionou ainda a mudança de comportamento de alguns deputados em relação à anistia aos policiais. “Parlamentares que votaram a favor de anistias anteriores em manifestações idênticas a essas, agora mudaram de posição?”, indagou, referindo-se, indiretamente, ao deputado Elmano.

As discussões fizeram com que vários deputados fossem inúmeras vezes à tribuna do plenário se manifestar, o que prorrogou a sessão próximo das 17h.