Soldado Noelio afirma que categoria segue insatisfeita e cobra que governo siga negociando. Foto: ALECE.

Deputados de oposição criticaram, na manhã desta terça-feira (18), a proposta do Governo aprovada em mesa de negociação, na semana passada, tratando do reajuste dos profissionais de segurança do Estado. Nas galerias do Plenário da Assembleia, poucos manifestantes, praticamente só mulheres de militares, apresentavam cartazes com as principais reivindicações. Não houve a manifestação que estava programada para acontecer em frente ao prédio da Assembleia.

Para o deputado estadual Soldado Noelio (Pros), a categoria continua insatisfeita. Ele também criticou a Ação Civil Pública (ACP) do Ministério Público do Ceará (MPCE) para apurar a atuação irregular das associações de militares. O deputado foi enfático em dizer que, se não houver mudança na proposta do Governo, todos sairão perdendo, pois ou todos ganham, fazendo mudanças, ou todos perdem deixando como o projeto está.

Segundo Noelio, a proposta do Governo aprovada em mesa de negociação não constrói uma diferenciação salarial entre algumas categorias. “Se aumenta demais o salário do cabo, falta dinheiro para aumentar o do terceiro sargento, então, com recurso que foi destinado era impossível criar essa diferenciação. Por isso a Casa pode avançar nesse sentido” explica. O parlamentar afirma ainda que deve aproveitar a tramitação da PL para apresentar emendas ao longo do processo.

Para o parlamentar, a Assembleia tem o papel mediador para dialogar e resolver os impasses quanto à proposta. Ele criticou os colegas que pregam que a categoria deve manter a palavra com o que foi acordado. “Vamos falar de palavra? Vamos cobrar que o governador cumpra com os ajustes que havia prometido anos atrás. Se a tropa está insatisfeita, temos que corrigir essa proposta. Esse é nosso papel. Temos que reconhecer os erros. Ainda colocam na mensagem que o policial vai ter que trabalhar horas extras à força”, disse.

Noelio questionou também o prazo de 90 dias para aposentados dizerem se querem ou não manter a integralidade. “Muitos aposentados não têm acesso às notícias, às redes sociais, e poderão ser prejudicados”, afirmou.

Paralisação

Noelio negou a intenção de organizar uma paralisação, motivo que teria levado o MPCE a entrar com um pedido de tutela de urgência contra as associações de policiais. “Vir na Assembleia e pedir aos deputados para alterar um projeto não é greve. Houve uma pressão muito grande da Justiça e isso gera um clima de medo dentro da categoria. Pelas recomendações do Judiciário, quem viesse pra cá dizer que a proposta deveria ser modificada estaria cometendo um crime ou uma transgressão disciplinar”, afirmou. Ele lamentou que profissionais de segurança sequer podem sindicalizar-se, por isso há tantas associações.

Deu com uma mão….

Para o deputado Delegado Cavalcante (PSL), é de se lamentar o tratamento que o Governo do Estado tem dado para às forças públicas de segurança. “Depois de tantas coisas boas que a Polícia Militar proporcionou para o Governo, fazendo com que o Estado reduzisse os índices de violência, a tropa está decepcionada e insatisfeita com o tratamento recebido”, apontou Delegado Cavalcante.

Para Delegado Cavalcante, governo trata mal uma categoria que lhe foi fiel quando Camilo mais precisou. Foto: ALECE.

Para ele, o Governo do Estado anunciou mais R$ 150 milhões para a categoria, mas esse valor foi retirado das gratificações, que acabaram incorporadas ao salário-base. “Governo deu com uma mão e tirou com a outra”, atacou, afirmando ser de apenas R$ 10 milhões o aumento real.

O parlamentar questionou o acordo, pois, segundo ele, não atende as reivindicações dos servidores e desfavorece muitos deles. “Terá policial aqui que vai ter prejuízo de R$ 1.200 em três meses. Por essas e outras, a categoria não está aceitando a proposta apresentada. Estão tirando direitos dos policiais”, criticou.

Hora-extra

O deputado Vitor Valim (Pros) salientou que alguns pontos da matéria não foram acordados durante a reunião que contou com deputados e associações da segurança pública. “A hora extra obrigatória não foi combinada com a categoria. Essa luta não é para fazer política, é para o bem das tropas, e peço a compreensão para que possamos fazer emendas ao projeto para solucionar a situação”, disse.