Reprodução da coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo.

A coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo, na edição desta sexta-feira (21), começa falando da insurreição de policiais militares do Ceará, com o título “Se motim no Ceará acabar em pizza, chance de virar moda é grande, diz secretário de SP”. E segue o primeiro tópico do espaço: “Integrante da cúpula da segurança pública de São Paulo, o secretário Youssef Abou Chahin afirma que se não houver punição exemplar ao que ele classifica como “absurdo” praticado por parte da PM cearense, será aberto preocupante precedente para todo o país. “O militar não tem direito a isso, pela Constituição. A pena é gravíssima”, diz. “Se acabar em pizza, a chance de virar moda é grande. Tem que apurar e punir”, acrescenta. Ele afirma ser “zero” a preocupação de algo parecido em São Paulo, conclui a nota.

Há que se conferir razão ao secretário do Governo de São Paulo. A propósito, no mesmo jornal paulista, também na edição desta sexta-feira (21), num trecho da longa entrevista do ex-ministro Ciro Gomes, tratando da questão da atual insubordinação de policiais cearenses, ele afirma, respondendo indagação sobre se a crise deve acabar nos próximos dias: “Depende da reação das autoridades. O que está acontecendo no Ceará é responsabilidade remota do próprio Cid (irmão dele), que lá atrás deixou essa cobra nascer, e agora do governador Camilo Santana, em face de sua tolerância e vocação ao diálogo, o que não deixam de ser virtudes”. E prossegue: “O governador é um grande e querido aliado. Eu apenas discordo da forma como o Cid e ele administram esse tipo de assunto. Porque governar não é um ato de simpatia, governar é uma obrigação determinada pelas Constituições Federal e Estadual, às quais ambos prestaram juramento”.

Camilo Santana está dando demonstrações de que a lei será cumprida. E na situação atual, a aplicação da lei não atende só o pensamento de Maquiavel de que “Aos amigos os favores, aos inimigos a lei”, ou a alteração desse mesmo pensamento feito por Getúlio Vargas: “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei”. Punir, como dita o ordenamento jurídico, antes de tudo é um dever de quem tem a competência de fazer ou mandar fazer. É uma questão de Justiça e de respeito a todos quantos exercem plenamente a cidadania, além de eliminar precedentes tantas vezes utilizados para atos desagradáveis no futuro.

Os senadores da República (Eduardo Girão, Prisco Bezerra, que substitui Cid Gomes, Tasso Jereissati, Major Olímpio e Elmano Férrer, este, cearense de Lavras da Mangabeira, mas eleito pelo Piaui), na última quinta-feira (20), após a conversa com o governador Camilo Santana, sobre a crise na segurança do Ceará, ficaram convencidos da disposição do governador de fazer cumprir a lei. Evidente que hoje, após o elevado nível de tensão alcançado pelo movimento, não há mais condição de o governador fazer concessões, pois o fazendo, pode passar a ideia de capitulação, nada interessante para a mesma população que o aplaude pela firmeza de posição.

O gesto dos senadores em conversar com o governador Camilo Santana sobre este momento difícil para o Ceará, mesmo sem produzir os efeitos que todos almejamos, foi de qualquer forma gratificante, diferentemente da demagogia produzida por uns poucos políticos, mais interessados em tirar proveito do sofrimento dos cearenses, expondo uns poucos policiais, por certo, ao fim dessa luta, os mais sacrificados, posto que ameaçados de, inclusive, perderem os empregos.

Sobre o assunto, veja o comentário do jornalista Edison Silva: