Para Acrísio Sena, a base social na qual o PT foi construído não existe mais. Foto: ALECE.

O deputado Acrísio Sena (PT) utilizou o tempo na tribuna, durante sessão plenária da Assembleia Legislativa desta terça-feira (04), para falar das celebrações dos 40 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores. O parlamentar apontou conquistas, erros cometidos e cobrou reflexões visando o futuro do partido e do país.

Segundo Acrísio, nos dias 7, 8 e 9 de fevereiro vai ser realizado, no Rio de Janeiro, o “Festival PT 40 anos”, reunindo lideranças e figuras históricas do partido, além de militantes e representantes de movimentos sociais para comemorar a história da sigla. “Este projeto político, do início da década de 1980, ainda é a experiência mais exitosa de projeto partidário ao longo da nova República”, avaliou.

De acordo com Acrísio Sena, o partido surgiu de uma base forte em matrizes, como o novo sindicalismo, a recomposição da esquerda e a teologia da libertação, considerando o PT como a primeira experiência partidária construída de baixo para cima.

O deputado relembrou a trajetória do partido, ressaltando a simbologia forte que o município de Fortaleza tem nesta história. “Cinco anos após a sua fundação, a primeira experiência de comando de Capital do partido foi em Fortaleza, com a prefeita Maria Luíza Fontenele”, enfatizou.

Acrísio Sena destacou ainda que, após a gestão em Fortaleza, o PT avançou para o comando em grandes cidades brasileiras, depois governou Estados, até chegar à experiência de governar o País. “É uma escalada em um curto intervalo de quatro décadas que nenhum outro partido conseguiu dentro do processo redemocrático”, ressaltou.

Desafios no caminho

Ainda segundo o deputado, junto com as conquistas vieram os desafios e as autocríticas. “Já em 2013, com os movimentos de rua, e seguindo a partir de 2016 com o golpe contra a presidente Dilma, começou a se fortalecer o antipetismo, com um ódio e a tentativa de destruir um projeto de quatro décadas exitosas”, salientou.

Segundo o parlamentar, o maior erro do partido, após os 14 anos à frente da Nação, foi não ter apresentado uma proposta de reforma fiscal para taxar as grandes fortunas e os lucros dos bancos, e também não ter aprofundado na Constituição para trazer a democratização dos meios de comunicação.

Reflexões para o futuro

O deputado apresentou textos de pensamentos de esquerda sobre o PT, avaliando o partido e apontando reflexões que precisam ser feitas. “A base social em que o PT foi construído não existe mais. Diante disso, longe da gente nos desvencilhar da nossa história e da nossa perspectiva, nós temos que apontar para o futuro, com essa nova configuração do trabalho, com esse avanço da religião evangélica, dessa convivência pacífica e da necessidade, mais do que nunca, de um projeto econômico para o Brasil”, explicou ao Blog do Edison Silva.

> Acrísio avalia o momento do partido e reflexões a serem feitas; ouça:

 

Sena acredita ser o momento de renovação, principalmente sendo 2020 ano eleitoral. “A renovação não é só do ponto de vista das ideias, mas também dos seus expoentes políticos. E essas experiências que nós estamos buscando construir, quando a reflexão parte de dentro do próprio partido, a necessidade de repensar e reinventar para poder prosseguir a caminhada”, concluiu.

Sessão solene

Em aparte, o deputado Moisés Braz (PT) comunicou que solicitou a realização de sessão solene na Casa em homenagem aos 40 anos do PT, marcada para dia 17 de fevereiro no Plenário 13 de Maio. “Até quem diverge do PT admite que nenhum outro partido conseguiu ser tão admirado e respeitado pela população brasileira ao longo destes últimos 40 anos”, pontuou o deputado.