Sérgio Aguiar afirma que a vereadora foi vítima de perseguição política. Foto: ALECE.

A cassação de uma vereadora de oposição na cidade de Granja levou o deputado estadual Sérgio Aguiar (PDT) à externar sua indignação com o que classificou de ‘atentado à democracia’.

O caso envolve a vereadora Paloma Aguiar que, apesar do sobrenome, Sergio garante não ter nenhuma ligação familiar com ela. Há cerca de 15 dias, Paloma teve o mandato cassado pela Câmara dos Vereadores do município, acusada de falsificar assinaturas em documentos públicos em pleno exercício da função parlamentar.

Paloma passou a manhã desta quinta-feira (06) na Assembleia, dizendo estar esperando pelo deputado Romeu Aldigueri, adversário dela em Granja, segundo ela, para irem à Delegacia de Defraudações, em Fortaleza.

“É um atentado à democracia, uma vez que o mandato foi cassado indevidamente. Estão querendo calar a voz da vereadora Paloma ao instaurar um processo sem fundamentação jurídica legal, pois o laudo pericial apresentando está inconcluso”, disse Sérgio Aguiar, afirmando que as providências jurídicas estão sendo tomadas e que não calarão a voz da vereadora Paloma.

“Realizaram a votação da cassação, quando o processo formal sequer foi concluído e a mesma não pode sequer participar da sessão. As providências estão sendo tomadas pela Justiça, pois não há prova de que o decoro parlamentar tenha sido ferido”, avaliou.

‘Perseguição política’

Em conversa com o Blog, Sérgio Aguiar afirmou que a perseguição a Paloma se dá pelo fato de ela ter se tornado o principal nome da oposição no município. Ele disse que iria depor a favor de Paloma, mas foi convidado a fazê-lo no último dia 27 de dezembro. “Eu estava em recesso parlamentar. Se eu não poderia exercer minhas funções de parlamentar aqui na Casa, que dirá em outro município”, lamentou.

A deputada Dra. Silvana (PL) relatou no plenário que foi procurada por pessoas do município sobre o assunto, que desconhecia até então. “O que aconteceu não está certo e é preciso tomar providências. Tenho convicção de que o que aconteceu com essa vereadora não tem o menor cabimento. A vereadora foi cassada por não querer assinar um requerimento da base? Ela precisa retornar imediatamente à Câmara”, defendeu.

Segundo Silvana, Paloma teria enviado um requerimento que desagradou a base da prefeita Amanda de Romeu, que conta com 11 dos 13 vereadores do município. “Eu sou de Granja, mas não tenho nenhum vereador na cidade, eu sequer sabia o nome dessa vereadora. Mas eu fui me aprofundar na questão e o que aconteceu foi o maior ataque à democracia na face desse país. Ela fez um requerimento que a base da prefeita (Amanda do Romeu) não concordou, aí eles disseram que a assinatura não era dela. Ela disse que era dela. Eles negaram e decidiram que ela estava cassada. Vamos dizer que a assinatura não fosse dela, mas o desejo de fazer o requerimento era dela, mesmo que ela tivesse, por exemplo, pedido a uma assessora para assinar. Podia apresentar depois uma procuração. Mas daí a cassar? Aí eu acho demais”, explicou ao Blog do Edison Silva.

Também em aparte ao deputado Sérgio Aguiar, Renato Roseno (Psol) criticou o processo, mesmo admitindo não conhecer a questão a fundo. “Aqui sou a minoria, sou oposição, mas imagine só se eu tivesse meu mandato retirado por divergir da base? É um absurdo. Isso não é cabível em uma democracia como a nossa”, opinou.

‘Não fui sequer indiciada’

Paloma esteve na AL e depois foi à Delegacia de Defraudações. Foto: Reprodução/Facebook.

Em contato com o Blog, Paloma afirmou ter sido vítima de retaliação por fazer oposição à prefeita Amanda do Romeu (aliada ao deputado Romeu Aldigueri), de quem afirma já ter feito denúncias de corrupção. “Não há crime. Mandaram os vereadores cassarem meu mandato me acusando de ter falsificado minha própria assinatura, por mais absurdo que isso possa ser. Eu sequer fui indiciada em algum processo. Não fui sequer intimada para a sessão que julgou a minha cassação”, lamentou.

Paloma informou que deu entrada em ação na Justiça, pedindo uma liminar que a permita voltar ao cargo para o qual fora eleita, mas ainda não recebeu resposta. “A Câmara me negou inclusive o decreto de minha cassação. Tive que acionar a polícia e o Ministério Publico para conseguir e, em posse dele, dar entrada na Justiça”, explicou.