Vereador Antônio Henrique puxou o coro de críticas ao movimento paredista dos militares. Foto: CMFor.

Praticamente todos os vereadores que compareceram à Câmara Municipal de Fortaleza, na manhã desta quinta-feira (20), se posicionaram sobre os tiros que atingiram o senador Cid Gomes, na tarde de quarta-feira (19), em confronto com policiais amotinados em quartel militar de Sobral. A maioria dos parlamentares se solidarizou com o líder político, e defendeu solução para a paralisação de militares no Ceará.

A sessão ordinária teve início com as falas do presidente da Casa, Antônio Henrique (PDT), que lamentou a  insegurança causada por aqueles que deveriam, segundo ele, garantir a segurança pública da população. “Isso nos deixa muito preocupados. Durante todo esse processo de negociação que o Governo do Estado abriu para os homens e mulheres que fazem a segurança pública do nosso Estado, tenho conhecimento de que não houve falta de diálogo. Não houve falta de conversa”, apontou o pedetista.

Henrique lembrou que ao militar é proibido fazer greve, e por esse motivo ele não apoiava a paralisação dos policiais. “Um senador da República, representante do povo, foi alvejado com tiros. O que podemos fazer é manifestar nossa insatisfação e dizer que não aceitamos esse acontecimento”, disse.

Após pronunciamento de Antônio Henrique, o vereador Sargento Reginauro (sem partido), partiu em defesa da corporação e criticou as ações de Cid Gomes. Segundo ele, a retroescavadeira utilizada pelo senador poderia “dizimar” a vida de muitas pessoas que estavam amotinadas no quartel da Polícia.

“Aquele é um prédio púbico. Quem conferiu poder ao Cid de desocupar, de reintegração de posse? É assim que essa família tem tratado a população cearense. Ele deveria ser preso hoje. Mas duvido que a Justiça cearense fará algo a respeito”, disse Reginauro, afirmando que o senador Cid Gomes cometeu crime de tentativa de homicídio.

Dr. Porto (PRTB), por outro lado, defendeu obediência à Constituição Federal. “Que o sangue que jorrou ali possa estancar esse movimento, que para nós é um movimento político e não caracteriza a grande maioria da Polícia Militar do Ceará”. Já o vereador Didi Mangueira (PDT) afirmou que o tiro contra Cid Gomes foi disparado com o intuito de matar. Ele também questiona o movimento dos policiais. “Se faz aquilo com um senador, imagine o que um policial que puxa uma arma ponto 40, imagina com um cidadão comum”.

“Bandidos”

Líder do Governo na Câmara Municipal, Ésio Feitosa (PDT) afirmou que os tiros contra o senador foram direcionados contra a democracia brasileira.  Segundo ele, os policiais amotinados preferiram se colocar contra a Lei ao invés de ficarem do lado da população. Adail Júnior (PDT) culpou os policiais por um assassinato ocorrido, segundo ele, no bairro Antônio Bezerra. Já Eron Moreira (PP) chamou os amotinados de “bandidos encapuzados”.

A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) também se posicionou contrária ao movimento paredista e destacou o papel do governador Camilo Santana que dialogou a todo momento com aqueles que se diziam representantes dos manifestantes. De acordo com Guilherme Sampaio, a Constituição Federal estabelece como os poderes funcionam e como as hierarquias devem ser obedecidas. O petista destacou que este é um tema central, uma vez que mexe com o direito de ir e vir das pessoas.

Desonrar

“Não dá para a gente ver algumas cenas que depõem contra a própria categoria. Se encapuzar, plantar terror, depredar patrimônio público. Isso me envergonha como servidor público. O governador precisa ser firme e punir os marginais que maculam a Polícia do Ceará”, disse Ronivaldo Maia.

Larissa Gaspar destacou ser legítima a livre manifestação daqueles servidores que sentirem que seus direitos não estão sendo atendidos. No entanto, ela repudiou o uso de armas para amedrontar a população. “Eles estão tocando o terror no Estado. Como pode um policial desonrar a farda, colocar bala-clava e aterrorizar comerciantes, impor clausura à população?”, questionou a petista.