A chuva que chega alvoroçada, chega braba, arranca telha, telhado, desfaz o que foi feito, talvez por mal feito ou sem cuidado, quando vai embora deixa poças, enche poços, chama a molecada pra chutar as gotas juntas e faz a alegria, ainda que pouca e inocente, para esses meninos de rua, perto da praia, ali, pertinho do mar.

E a freira, detrás da câmara, nem se deu conta do fotógrafo à sua frente, fotografando ela fotografar o Papa, um dia, já faz muito, lá no Vaticano, em um domingo onde as cores não fazem falta e o preto e branco se enche de cores ausentes porque a fé não tem cor, não tem sexo, só tem isso mesmo, tipo esperança.

O jornal… ah, o jornal papel, cheio de letras vivas, mais íntimas, mais de toque, indo embora, se despedindo numa agonia ditada pelos tempos apressados da coisa eletrônica, apressada, fazendo as notícias chegarem quase ao mesmo tempo em que acontecem. A foto, doce recordação de um oportunismo guardado numa fração de segundo, num lugar anônimo, bem ali, numa feira lá pras bandas de Aracati.

O menino, com cara de enjoado ou gripado, tanto faz, diante de um fonte, talvez a di Trevi ou da Piazza Navona, muito mais além, onde agora ficou mais difícil de ir por conta de espirros que apavoram, amedrontam, fazem correr para qualquer lonjura.

Texto e fotos: A.Capibaribe Neto
Especial para o Blog do Edison Silva.