O Congresso Nacional esteve no Centro das importantes decisões políticas do último ano. Foto: Agência Câmara

Há avanço a ser considerado no ambiente político nacional, em 2019, a partir do protagonismo do Congresso Nacional. O Legislativo brasileiro acordou. Saiu daquela infinita inércia, realidade própria dos acomodados, descompromissados com o futuro da Nação, que sempre reclamava por avanços no modo de gerir a coisa pública. Esse romper com a letargia, associada a interesses menores que sempre gerou subserviência ao Poder Executivo,  parece estar contaminando os demais legislativos, apesar da extraordinária influência exercida pelos governantes nas câmaras municipais e assembleias legislativas.

A sociedade brasileira, mesmo com as restrições que faz à política e aos políticos, embora timidamente, envolveu-se nas discussões das últimas votações no Congresso Nacional, gesto auspicioso para a efervescência do ambiente democrático, visto motivar ainda mais os políticos a compatibilizarem  suas ações com as manifestações populares. Sem dúvida, esse clima de interação, foi a força principal para deputados e senadores reagirem a certa ações inconvenientes do chefe do Executivo Federal. Houve, ao longo deste ano no Congresso, além da derrubada de vetos governamentais e anulações de decretos, rejeições de proposições vendidas como de especial significação para o próprio Governo.

No Ceará, não há muito a destacar de reação do Legislativo, mas o fato recente da votação da proposta do governador de adequar o Sistema Previdenciário estadual ao nacional, agora introduzido no mundo normativo brasileiro, Camilo Santana teve que fazer o que talvez nunca tenha feito ao longo dos seus cinco anos de mandato, pedir que deputados aliados a ele fossem votar, na Assembleia, a favor das suas proposições. Conseguiu os votos de todos, mas teve que alterar alguns pontos do projeto principal, garantindo aos parlamentares um discurso de satisfação para os seus eleitores. Provavelmente esse ineditismo será repetido.

Os deputados e senadores, diferentemente dos vereadores, terão nos seus comportamentos ao longo dos mandatos, a fundamentação dos discursos que proferirão pedindo votos para as reeleições. E a realidade de hoje não permite mais o discurso vazio da promessa, pois todos são acompanhados, pelos vários espaços das redes sociais, no exercício do mandato, como bem citado pelo deputado estadual cearense, Carlos Felipe (PCdoB), ao justificar o seu voto contra a proposta de Camilo sobre a Reforma da Previdência, de que vários deputados não voltarão para a Assembleia, em 2022, exatamente por terem contrariado ao eleitor. Embora ele também, mesmo votando contra tenha convicção de que não votará, por não ter mais a ajuda do Governo para ser reeleito.

Enfim, melhorou o modo de se fazer política no Brasil. Ainda falta muito para alcançarmos o ideal, mas pelos passos até aqui dados é possível chegarmos em 2020, o ano das eleições municipais, com a esperança renovada de que breve estaremos fazendo a política com nível bem mais elevado.