Maia deu as declarações durante o seminário “Política, Democracia e Justiça”, que acontece na Câmara. Foto: Pablo Valadares/ Câmara dos Deputados

A apropriação indevida de narrativas autoritárias não pode ser banalizada, porque a prática ameaça a democracia. Esse foi o tom dos pronunciamentos do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira.

“Para mim, é um misto de indignação e perplexidade termos que estar reunidos para reforçar a democracia e repudiar sugestões autoritárias que surgiram de onde não deveriam partir. 30 anos depois da Constituição Federal, é de supor que nossa nação chegue a vida adulta. É hora de assumir responsabilidades de adulto”, afirmou Marcos Pereira, na abertura do seminário Política, Democracia e Justiça.

“Muito me espantou e consternou na manhã de hoje, quando abro um jornal e vejo entrevista do ministro da economia sugerindo a mesma coisa: volta de mecanismos de censura e perseguição política em situações que nós do Brasil não podemos em momento algum aceitar”, afirmou.

Para o parlamentar, “não faz sentido uma pessoa se dizer conservadora e atacar instituições. É uma desconexão conceitual muito grave, mas não podemos deixar de vigiar. O compromisso programático de defender a democracia, as instituições com responsabilidade e reagir com força a qualquer tentativa de vilipendiar a CF”, informou.

Maia falou em seguida e opinou que “o AI-5 não pode virar “bom dia””, e que, para isso, é preciso encontrar instrumentos para fortalecer as instituições, para o que o Legislativo tem papel decisivo.

“A revolução tecnológica, as mudanças que o mundo vive, vêm contestando a democracia liberal. Os radicais e autoritários não são nem de direita nem de esquerda, autoritários são antissistema”, avaliou o presidente da Câmara. Nesse contexto, parece que extremos da política “estão se preparando mais para uma briga campal do que para uma disputa eleitoral”.

Ocorrências sucessivas
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, questionou ainda as sucessivas referências por parte do governo ao AI-5. “Qual é o intuito por trás da utilização de forma recorrente dessa palavra?”

No fim de outubro, em entrevista a um canal de YouTube, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, disse que, caso haja uma radicalização da esquerda, a resposta pode ser “um novo AI-5 “.

O AI-5 é considerado por historiadores o ato mais duro da ditadura militar no Brasil, que abriu espaço para perseguições políticas.

Com informações do site Conjur e da Agência Câmara