Antes de entrar para a política, Flávio Dino atuou por anos como juiz federal. Foto: Marcelo Bloc /Blog do Edison Silva.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que esteve nesta sexta-feira (01) na Assembleia Legislativa do Ceará, participando do II Congresso Cearense de Direito Eleitoral, criticou a investigação do assassinato da vereadora pelo Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL). “A investigação quanto à essa tragédia, esse grave crime que vitimou a vereadora Marielle, sempre foi marcada por muitas inconsistências, muitos atos ilegais, muitas medidas necessárias não foram tomadas ao tempo”, lamentou ao Blog do Edison Silva.

Para Dino, que atuou por muito tempo como juiz federal, a sequência de erros segue, agora, citando a perícia que determinou que o porteiro do condomínio mentiu quando afirmou que o acusado entrou no local autorizado pelo presidente Jair Bolsonaro. “Nós temos uma prova documental, ou seja, o registro escrito da entrada de pessoas (no condomínio) e ao meu ver, de forma inusitada, nunca tinha visto isso em 30 anos de atuação profissional na área do Direito, uma prova pericial ser feita em duas horas e sem que houvesse o acompanhamento de outras preocupações, porque é preciso identificar os responsáveis, sejam eles quem for”, acrescentou.

> Flávio Dino critica investigação do Caso Marielle. Ouça:

 

O chefe do Executivo maranhense afirmou que, pelo que já fora apresentado, o centro das investigações está no condomínio, na medida em que lá residem os suspeitos principais de terem apertado o gatilho. Dino defendeu que se investigue com afinco a vida dos envolvidos, a quanto tempo lá morava um deles, quantas vezes encontraram-se no local, quem eram seus amigos. “Provavelmente não foi uma única vez em que eles se encontraram nesse condomínio. Aí poderíamos elucidar os fatos. Eu sou um amigo da verdade e acho que nas investigações nós devemos ter essa preocupação, e não de perseguir e nem de proteger quem quer que seja”, opinou.

Procuradoria questionada

O governador afirmou haver, nesse caso, muita precipitação, mas espera que os órgãos de investigação no RJ consigam esclarecer o caso. Antes disso, porém, cobrou que o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afaste a procuradora que fora flagrada fazendo campanha para o presidente Bolsonaro, inclusive posando com fotos de um deputado carioca que ficara famoso ao quebrar uma placa de trânsito alusiva à vereadora Marielle. “Nós vimos que, lamentavelmente, há um integrante do Ministério Público que, aparentemente, tem uma posição partidária muito clara. Isso não é bom para ninguém, inclusive para os investigados. É preciso ter isenção, tem imparcialidade e espero que essa correção seja feita o quanto antes para que a verdade seja esclarecida”, concluiu.