Destinos de viagem podem, sim, ser escolhidos a partir de sentimentos ativados. Sensações despertadas pela visão de lugares vistos em um filme, descritos em um romance, reportagem em jornais, revistas ou mesmo pelo relato de quem como nós, visitou horizontes atrevidos, ousados ou exóticos como os que nos atraíram.

Afora os lugares que conhecemos por força do trabalho, os outros; Marrocos, por exemplo, foi a partir de uma foto de uma caravana de beduínos e seus camelos, deixando rastros sobre os bordados feitos pelos ventos nas areias douradas do deserto do Saara.

Depois, no outro extremo do mapa atrevido, vieram Pyhä, depois de Rovaniemi, no extremo norte da Finlândia, acima do Círculo Polar, onde a temperatura no inverno chega a 30 e até 40°C negativos, como estava quando fui lá, em janeiro, época mais fria.

Depois da Finlândia, a Islândia foi café pequeno.

Mais adiante, o lugar que mais impressionou o viajor inquieto: Afeganistão! Vez por outra, me vem à cabeça. Escolher esse país, principalmente em 2014/15, sim, porque estive lá duas vezes, para aqueles que souberam dessas duas aventuras, foi a repetição de loucura. Nunca teria como explicar, mas as quase oito mil fotografias que fiz por lá respondem por essa loucura. Já escrevi sobre as Mulheres Azuis, as que ainda hoje perambulam pelas ruas de Cabul, capital que até hoje sangra com atentados dos homens-bomba insanos e províncias como Bamiyan, Mazar-i-Sharif, Kandahar, Peshawer, em eterna agonia. Para o fotógrafo, mesmo o mais atrevido, repito, o Afeganistão infelizmente só é notícia quando o número de vítimas desses atentados tem dois dígitos, menos disso é rotina, mas por incrível que pareça, a beleza machucada desse país continua me atraindo, apesar dos perigos. Voltar ao Afeganistão está no topo da lista mas, por enquanto, é um destino suspenso….

Texto e fotos: A. Capibaribe Neto

Especial para o Blog do Edison Silva.