Dr. Carlos Felipe defendeu que se analise bem as denúncias antes de homologar o resultado da eleição. Foto: Marcelo Bloc/Blog do Edison Silva.

As eleições para Conselheiro Tutelar no Ceará, realizadas no último domingo (06), seguem dando o que falar. Na Assembleia Legislativa, o assunto vem sendo discutido entre os deputados estaduais. Os deputados Dr. Carlos Felipe (PCdoB) e Lucílvio Girão (PP) abordaram o assunto no plenário nesta quarta-feira (9).

O deputado Carlos Felipe tratou do tema durante seu pronunciamento. Em conversa com o Blog, lamentou que se tenha que discutir os problemas da eleição, quando há tantos assuntos referentes aos jovens a serem discutidos. “Era o momento de a gente estar discutindo os grandes problemas da infância e da adolescência. Quantas crianças são abusadas sexualmente? Quantas crianças são induzidas ao uso de droga? Quantas não têm acesso à uma educação adequada ou a uma merenda adequada? Quantas crianças são oprimidas por pais, parentes? Quantas crianças não têm seus direitos garantidos? Qual foi o debate que foi feito sobre isso? Qual o debate sobre o acesso da criança à Justiça? Como o menor infrator está sendo tratado? Não houve esse debate. O que houve, na verdade, foi uma eleição que pareceu uma eleição de vereador. Extremamente disputada, com várias denúncias de corrupção, de compra de voto, transporte irregular”, explicitou ao Blog do Edison Silva.

> Deputado Carlos Felipe pede averiguação de denúncias. Ouça:

“Acho que o país precisava parar e fazer uma reflexão. No Estado do Ceará, o Tribunal Regional Eleitoral precisava discutir, dar uma parada, reavaliar no Estado do Ceará onde houve denúncias, esperar por novas denúncias, para só homologar essas eleições depois de uma avaliação em todo o estado”, sugeriu o parlamentar, ressaltando não estar fazendo nenhum demérito aos eleitos.

Anulação

Já o deputado Lucílvio Girão sugeriu a anulação das eleições. De acordo com o parlamentar, o processo foi conduzido de forma desorganizada e com várias denúncias de compra de votos. “Várias pessoas foram prejudicadas nestas eleições por conta da desorganização do processo, e o pior, de corrupção. Muitos eleitores não encontraram seus nomes nas sessões, outros não votaram por conta das longas filas que se formaram pelo fato de poucas escolas sediarem a votação, e ainda várias pessoas presas comprando voto”, repudiou.

Lucílvio Girão parabenizou o Ministério Público pelas investigações das irregularidades do processo eleitoral. “Estas eleições deveriam ser anuladas. Muitas falcatruas aconteceram e pessoas que não tem compromisso com o cargo podem ter sido eleitas. É necessário que se façam novas eleições”, defendeu.

Citando o município de Maranguape, sua principal base eleitoral, o deputado Lucílvio chegou a dizer que “teve gente comprando e vendendo voto de R$ 30 a R$ 50, comparando com eleições para vereador, de um tempo para cá, que é escandalosa a compra e venda de votos nas eleições.”