Em 2020 o eleitorado cearense vai votar para prefeito e para vereador pelo sistema biométrico. Foto: TRE.

Daqui a um ano, exatamente no dia 4 de outubro de 2020, acontecerá a primeira eleição municipal totalmente diferente de todas as demais acontecidas nas últimas três décadas, posto não existirem as coligações proporcionais, aquelas cujo amontoado de partidos permitia o somatório de todos os votos das agremiações aliadas para o estabelecimento da relação dos vereadores eleitos. Agora, não. Cada partido elegerá seus vereadores, só, e tão somente, com o total de votos isoladamente por eles conquistados, e mais os sufrágios chamados de legenda, aqueles em que o eleitor vota apenas na sigla ou no número da agremiação.

Um total de 32 partidos estão oficializados no Ceará, portanto, aptos a apresentarem candidatos nos 184 municípios do Estado. Uma expressiva maioria deles não lançará candidatos a prefeito, e nem todos apresentarão chapa completa para a disputa das 2.178 cadeiras titulares de vereador. Mesmo assim, pelas características diferenciadas da disputa, será grande a quantidade de candidatos em 2020. Com o fim do prazo do alistamento eleitoral chegando, assim como o recadastramento dos eleitores para a universalização do sistema biométrico nos municípios cearenses, é razoável a previsão de um eleitorado total, pouco superior a 5 milhões, apto a votar no pleito vindouro.

Em outubro de 2018, quando no Brasil foi vitorioso o presidente Jair Bolsonaro (PSL), e no Ceará, reeleito o governador Camilo Santana (PT) e eleito os senadores Cid Gomes (PDT) e Eduardo Girão (Podemos), esse último à época no PROS, além dos 22 deputados federais e 46 deputados estaduais, compareceram às urnas um total de 5.244.712 eleitores, 1.099.185 a menos do total de considerados aptos, o que nos motiva a crer, como aqui já tratamos, recentemente, de estar desatualizada a estatística dos eleitores cearenses, falha que a biometria corrigirá para fazer aparecer no pleito do próximo ano um número de eleitores bem mais próximo da realidade.

Diferentemente da situação nacional, quando o número de deputados federais eleitos define a sorte do partido, inclusive punindo-o pelo insucesso de não eleger um número mínimo de parlamentares, a disputa municipal, oficialmente, não pune a agremiação malsucedida eleitoralmente, mas a fragiliza deveras, pois o sustentáculo das siglas partidárias está na consolidação de suas bases municipais. Da próxima eleição, com o defenestrar da espécie coligação, vários partidos sairão bem menores, consequentemente, menos valorizados para as alianças majoritárias estaduais seguintes.

Na disputa majoritária ainda haverá a coligação partidária, cuja importância primeira ainda é a da ampliação do tempo da propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Até a escolha do candidato a vice-prefeito está relacionada ao tempo da propaganda, mesmo admitindo-se, por força da redes sociais, bem menos importância à campanha no rádio e na televisão como antigamente tinham. E a escolha do vice está mais ligada à questão dos espaços da propaganda, também pelo fato de muito pouca influência ter essa figura no resultado final da disputa. Não se vota em vice, nem tampouco por ele. Vice era importante quando isoladamente ele disputava o cargo.

Embora esta data, 4 de outubro, seja apenas simbólica, pois nada especifica em relação ao pleito de 2020, já antes dela, como aqui também já tratado, os políticos, sobretudo os das siglas com determinação de apresentarem nomes competitivos para a disputa, cuidam dos detalhes iniciais do enfrentamento futuro. O quadro, embora sem todos os nomes definidos, está parcialmente delineado. Em Fortaleza o candidato governista, por certo o que angariará o maior número de partidos na sua aliança, sairá do entendimento do prefeito Roberto Cláudio com os irmãos Cid e Ciro Gomes, e com o governador Camilo Santana.

O deputado Capitão Wagner cuida pessoalmente da sua postulação. Sua principal preocupação, no momento, é com um novo partido, como já explicitamos em outro momento. Aliados seus temem que o PROS nacional possa sofrer influência de terceiros, e por uma razão qualquer negue-lhe a legenda. Por seu turno, a deputada Luizianne Lins, consolidada no PT, aguarda o momento de tratar de alianças, contando, para isso, com o apoio da direção nacional petista. Um outro nome definido, também, é o do deputado Renato Roseno (PSOL), cujo interesse por alianças, como o seu partido tem demonstrado nas últimas disputas, é diminuto. Não há perspectiva, agora, de surgimento de outros nomes expressivos para a disputa na Capital cearense.

Acompanhe o comentário do jornalista Edison Silva sobre o tema: