O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Ceará, desembargador Haroldo Máximo, tem demonstrado preocupação com a possibilidade de muitos eleitores de Fortaleza deixarem de votar, nas próximas eleições, por não terem feito o recadastramento, ou seja, a biometria. Na verdade, com a emissão do novo título, como ficou provado em outros municípios onde o processo de mudança já foi concretizado, o eleitorado de Fortaleza, oficialmente, ficará menor que o relacionado para a última eleição, em 2018, quando tínhamos aptos a votar 1.775.222 eleitores, e apenas 1.465.232 compareceram às urnas, uma abstenção de 309.990 eleitores, ou 17% do eleitorado oficialmente registrado.

Nas últimas duas eleições municipais os números de eleitores que compareceram para votar foram proporcionalmente iguais aos do pleito de 2018, significando dizer que os números dos eleitores aptos não são reais. É possível que a Justiça Eleitoral cearense não esteja sendo devidamente informada sobre mortes e transferências de eleitores. Esses percentuais de abstenção, para os dias atuais são considerados exagerados, posto a necessidade que a cidadã ou o cidadão tem de comprovar ter cumprido com a obrigação de ter comparecido às urnas, mesmo que tenham deixado de votar nesse ou naquele candidato.

A previsão do novo eleitorado de Fortaleza, concluído o processo de recadastramento, em novembro próximo, é de que ele ficará próximo de 1.500.000 eleitores, registrando, ao fim da eleição de 2020, uma abstenção bem menor que as registradas nos pleitos municipais de 2012 e 2016, bem como com a efetivada na disputa estadual de 2018, pois os números do eleitorado estarão, realmente, próximo da fidedignidade.  Contudo, para chegarmos ao número previsto, é importante a mobilização que está sendo feita pelo desembargador Haroldo, para evitar os atropelos de última hora.

Os vereadores de Fortaleza, candidatos à reeleição, bem como os pretensos postulantes a vagas na Câmara Municipal, precisam estimular os eleitores a procurarem regularizar suas situações, posto serem os principais interessados no aumento do contingente eleitoral. A eleição do próximo ano, diferente de todas as realizadas nas últimas décadas, em razão do fim das coligações partidárias, motivará uma competição mais acirrada entre todos os candidatos proporcionais, pois os vencedores serão os mais votados de cada agremiação.

No sistema anterior, o das coligações partidárias, alguns vereadores ou deputados chegavam a garantir um mandato com menos votos que alguns suplentes. O somatório de todos os votos de uma coligação, com dois ou mais partidos, definiam o número de eleitos, dando margem a que um dos seus integrantes, menos votados, tomasse o lugar de um outro, bem mais votado, mas de coligações diferentes. Em 2020, portanto, a disputa por um cargo de vereador será bem mais dura, inclusive na própria legenda.

Com a perspectiva de um novo número do eleitorado fortalezense, apesar dos votos nulos e brancos, o quociente eleitoral deverá ficar igual ou poucos mais de 30 mil votos para a eleição de cada um vereador. Vários partidos, provavelmente, não alcançarão o total de votos para eleger um único vereador. E por falta da coligação essa votação fica perdida. Os partidos considerados maiores, mesmo elegendo maior número de representantes, também sairão prejudicados com o novo sistema, pois ficarão sem a substancial ajuda, até aqui deveras considerável, dos suplentes das agremiações coligadas.

Sobre o tema, acompanhe comentário do jornalista Edison Silva.