Domingos Neto, Gilberto Kassab, Camilo Santana e Domingos Filho em visita ao governador Camilo Santana no Palácio da Abolição. O mesmo grupo esteve com o prefeito Roberto Cláudio e o secretário Samuel Dias no Paço Municipal. Fotos: Assessoria de Imprensa do deputado Domingos Neto.

A maioria dos partidos políticos brasileiros não inspira confiança nos seus próprios filiados. A constante mudança de filiação de boa parte dos políticos confirma essa afirmação. Agora mesmo, no Ceará, muito antecipadamente do Calendário Eleitoral, há um clima de excitação quanto à formação de quadros de candidatos às câmaras municipais, e até prefeituras, além das dúvidas de outros sobre a garantia de terem a legenda para a disputa do cargo majoritário, o caso dos filiados do PROS, sigla conhecida dos políticos cearenses, comandada pelo mesmo presidente que o fundou. O deputado federal Capitão Wagner, um dos nomes mais expressivos da oposição, filiado ao PROS, segundo correligionários seus, estaria com algumas dúvidas.

Embora a partir de janeiro de 2020, ano da eleição, quando algumas determinações da Justiça Eleitoral devam ser observadas, só mesmo a partir de abril daquele ano, com o final dos prazos de filiação partidária e de domicílio eleitoral, começa-se a cumprir a parte importante do Calendário fixado pelo Tribunal Superior Eleitoral. E exato, pelo fato de as agremiações partidárias constituírem-se em verdadeiros feudos, a inquietação domina aqueles pretensos candidatos, dependentes do comportamento moral de alguns donos de partidos capazes, na última hora, de negarem legenda sob esse ou aquele esfarrapado argumento.

São relativamente poucos os partidos, cujos núcleos estaduais e municipais, têm autonomia para elaborarem suas chapas de acordo com os interesses e conveniências locais, mesmo obedecendo as diretrizes nacionais. As Comissões Provisórias são instrumentos diretivos frágeis, pois a qualquer momento podem ser desfeitas. Assim, a direção nacional do partido é senhora absoluta para conceder ou não a legenda, podendo, no caso, deixar de disputar a eleição em determinada localidade, mesmo tendo condição competitiva, para satisfazer um interesse pessoal, momentâneo ou futuro.

Ademais, pelas regras atuais, o candidato majoritário sempre terá necessidade de ajuda pecuniária da direção nacional da sua agremiação. Hoje, por uma série de razões, dos três candidatos competitivos à Prefeitura de Fortaleza, só o do grupo governista, ainda não definido, e o do PT, deputada Luizianne Lins, têm situação partidária e ajuda financeira seguras. O PROS não oferece essa garantia tão importante para o  desenvolvimento da campanha eleitoral, sabe bem disso o Capitão Wagner, conhecedor das necessidades de uma candidatura majoritária.

Na eleição municipal passada, segundo o registro histórico da disputa, Wagner teve o PSDB e o MDB como importantes coadjuvantes em todas as necessidades da campanha. Em 2020 não os terá mais, daí reclamar ajuda maior do partido que lhe garantir a legenda. Em conversas com dirigentes partidários nacionais, segundo comentários reservados, o Capitão teria tratado da questão do financiamento da campanha, o que é natural, posto saber que seus adversários principais não têm essa dificuldade.

Mas para além da disputa pela Prefeitura de Fortaleza, também tem sido intensa a mobilização de duas agremiações do grupo governistas, no caso o PSD e o PP. Ambos organizam chapas para a disputa em vários municípios do Estado. Querem eleger o maior número de vereadores e prefeitos com vistas à sucessão do governador Camilo Santana em 2022, embora um tanto quanto bem distante. Em Fortaleza, pelo interesse direto da liderança do grupo governista, os dirigentes desses dois partidos trabalham apenas com o interesse de elegerem alguns vereadores.

As incursões do MDB, nos últimos dias, apesar da participação direta do ex-senador Eunício Oliveira, foram menos expressivas. O partido não conseguirá alcançar o PP e o PSD na busca de ampliar suas ações no Interior do Estado. Aliás, andou até sofrendo defecções com as adesões registradas pelo PSD, uma das razões da vinda de Gilberto Kassab,  presidente nacional desta agremiação ao Ceará. Se não reagir, imediatamente, o MDB ficará do tamanho dos menores partidos do Estado, praticamente sem representação em Fortaleza, e nos maiores municípios do Estado, apesar de continuar sendo aliado do governador Camilo Santana.

Veja comentário do jornalista Edison Silva sobre o assunto: