Ciro Gomes esteve presente em evento na Assembleia Legislativa organizado pela Rede. Foto: PDT/Arquivo

Ciro Gomes voltou a falar, na última sexta-feira (06),  da previsão que fizera há alguns meses, de que Jair Bolsonaro poderia sequer terminar o mandato. “Isso é um mero palpite, porque o desgaste no presidencialismo é um fato. Só que o Bolsonaro tá experimentando um desgaste muito veloz e muito profundo. Nenhum Presidente da República tinha nada parecido de desgaste com sete, oito meses de governo”, afirmou.

O pedetista afirma que, no primeiro ano de governo, as pessoas costumam respeitar quem foi eleito, na esperança de que acerte. “Se você olhar, e eu estudo essas coisas, o desgaste do presidente no primeiro ano, que é um ano em que as pessoas respeitam, porque acabou de chegar, todo mundo que não votou nele tem esperança que ele acerte, estamos todo mundo no mesmo barco, ou no mesmo avião – nós não queremos que o piloto colapse porque senão nós todos vamos com ele para baixo – mas é infelizmente o que está acontecendo. Eu mesmo passei 100 dias calado, você sabe que não é coisa fácil para mim, que sou um lutador, para dar a ele a chance de se organizar, tomar pé das coisas, escolher a equipe, mas é impossível, do jeito que está acontecendo, você fazer isso”, disse o ex-candidato à Presidência, conhecido pela língua afiada.

Ciro analisa a queda de popularidade de Jair Bolsonaro; ouça:

 

Sem escape

Ciro acredite que a curva de desaprovação tende a piorar e acredita que demais políticos já entenderam que o impeachment de Dilma Roussef foi um erro. “Então ele (Bolsonaro) está hoje com um nível de desaprovação muito veloz e apontando para baixo, e não há escape institucional, porque os políticos já perceberam a grande bobagem que fizeram com o impedimento da Dilma. Se o PSDB, por exemplo, tivesse tido respeito ao resultado do voto, tivesse suportado mais dois anos ou três anos do descalabro do governo Dilma, o grande vitorioso das eleições, provavelmente, seria o PSDB. Resultado? Ao precipitar uma coisa, destruiu a confiança do povo nas instituições, generalizou a percepção de que a velho política – coloque muitas aspas em velha – tinha que ser banida, e encontraram um velhaco capaz de interpretar essa ‘nova política’, mesmo sendo um deputado totalmente ligado a tudo que não presta há 28 anos, que roubava mesquinharia de funcionário fantasma, assinando recibo e tirando dinheiro no bolso. Ele e os filhos. Esse é o homem que veio fazer o ‘combate à corrupção’, um estagiário que nunca administrou um pé de bodega, dos pequenos, administrar um país como o Brasil, que é a oitava economia do mundo, no olho do furacão. Portanto, essa é a tragédia do presidencialismo”, explicou.

O que fazer agora? “Agora nós temos que trincar os dentes e pressionar para que ele mude de rumo”, concluiu.