Foto: Governo do Estado.

Petistas mais próximos do governador Camilo Santana, preocupados com a vitória do candidato da deputada Luizianne Lins, na disputa pelo comando do diretório do PT de Fortaleza, no próximo mês, lamentam o seu distanciamento da disputa partidária, antevendo, no fato, o primeiro e mais explícito gesto dele para deixar a agremiação. Vários desses petistas o acompanharão na troca de partido, mas registram um certo desconforto.

Recentemente, um deles nos dizia não ter dúvida alguma de que Camilo estará no palanque do candidato a prefeito de Fortaleza, indicado pelo PDT. Acrescentando que, diferentemente do que aconteceu na eleição presidencial, as lideranças pedetistas, dada a significação da disputa municipal para futuras empreitadas do grupo, em que se inclui Camilo Santana, não aceitariam o governador em dois palanques.

Ademais, a vitória do candidato de Luizianne para comandar o partido na Capital, garante, por antecipação, a efetivação do nome da deputada e ex-prefeita para postular a sucessão de Roberto Cláudio. Camilo, embora seja um homem cordial, não tem motivo para coadjuvar tal pleito da petista, uma das mais ferrenhas adversárias das principais lideranças pedetistas no Ceará, incluindo, em menor tom, o próprio governador.

O PT nacional também não aceitará Camilo fora do palanque de Luizianne, como aceitou que na eleição presidencial ele frequentasse o palanque de Ciro Gomes. A disputa municipal do próximo ano, em Fortaleza, tem um importante diferencial em relação aos dos demais outros municípios brasileiros. Derrotar o candidato de Ciro na Capital cearense é o desejo e objetivo de todos quantos estejam pensando na sucessão presidencial de 2022. Ele é o adversário primeiro do PT, do grupo do Centrão, e do esquema de Bolsonaro. E o PT é principal deles por estar sendo o mais atacado pela contundência do seu discurso.

Entre o PT e o grupo do PDT a que pertence, Camilo, indiscutivelmente, preferirá este. Ao PT, afora a legenda para disputar o cargo majoritário que ocupa, ele não deve nada. Alguns petistas, alias, tanto na sua primeira, quanto na segunda postulação ao Governo do Estado, até lhes foram hostis. Os pedetistas, como é de fácil comprovação, são o sustentáculo do seu Governo, a partir do comando das principais secretarias estaduais, caso do Planejamento, Cidades, Infraestrutura e Turismo, onde estão as pessoas mais próximas aos irmãos Cid e Ciro Gomes, respectivamente, Mauro Filho, Zezinho Albuquerque, Lúcio Gomes e Arialdo Pinho.

O PT não tem um projeto político para Camilo, após a conclusão do seu mandato de governador. No grupo em que está, mesmo filiado a uma outra agremiação, é o candidato natural à única vaga no Senado, a ser aberta com a conclusão do mandato de Tasso Jereissati. Camilo, estão conscientes os petistas mais próximos a ele, deixará o PT até abril do próximo ano, seis meses antes da eleição, embora não tenha dependência qualquer do calendário eleitoral, mas pelo fato de daquela data em diante poder sofrer algum constrangimento em permanecendo petista.

O caminho em direção ao PSB é o que está sendo pavimentado para Camilo.

Acompanhe o comentário do jornalista Edison Silva: