Dra. Silvana comenta sobre programa Médicos pelo Brasil. Foto: Edson Junior Pio/ALECE

O programa Médicos pelo Brasil, anunciado pelo Governo Federal para substituir o Mais Médicos, gerou divergências entre deputados estaduais nesta sexta-feira (02), na Assembleia Legislativa. Dra. Silvana (PL) e Dr. Carlos Felipe (PCdoB) divergiram sobre as melhorias que o programa poderá trazer à população brasileira.

Abrindo os pronunciamentos do dia na Casa, Dra. Silvana afirmou que a iniciativa vai ampliar a oferta de médicos em locais de difícil acesso e alta vulnerabilidade. A parlamentar enfatizou que o Médicos pelo Brasil vai valorizar os profissionais, assinar a carteira e conceder o direito a férias, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e décimo terceiro salário. “Quanto mais distante o médico for, mais vai poder ganhar. Caso os profissionais queiram levar junto a família, poderão levar”, assinalou.

A deputada criticou o Mais Médicos, implantado no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. “Aquele programa trazia para o Brasil profissionais não qualificados, sem Revalida (exame para aferir os conhecimentos médicos de quem se formou fora do país) e sem critério. Os médicos cubanos eram escravizados e Cuba ficava com grande parte do salário desses profissionais. Agora isso acabou e, em nome da categoria, fico extremamente feliz”, apontou.

A parlamentar elogiou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e salientou que vai fazer um requerimento para solicitar a presença dele em uma das reuniões da Comissão de Saúde da Casa. “A valorização agora é para o médico brasileiro e, com o programa Médicos pelo Brasil, eles vão poder  receber o título de especialistas em Medicina da Família”, acrescentou. Segundo ela, mesmo sendo integrante da base do governador Camilo Santana, não deixará de buscar fazer uma ponte com o governo federal para melhorias que possam beneficiar o estado.

Críticas ao programa e ao governo

Para deputado Carlos Felipe, um programa de saúde só poderá ser exitoso se houver aumento no investimento por parte da União. Foto: ALECE

Com pronunciamento logo após o da colega Silvana Pereira, o deputado Dr. Carlos Felipe não poupou o governo federal de críticas relacionadas à área da saúde. Para o parlamentar, o governo falhou ao encerrar o vínculo com os profissionais cubanos. “Claro que temos que priorizar os médicos brasileiros. Mas, se não tínhamos quem ocupasse as vagas em lugares específicos, precisávamos dar essa oportunidade a esses profissionais que demonstraram tanta competência e carinho com nosso povo”, justificou.

Em entrevista ao blog, explicou porque critica a atuação do governo. “Quando o governo assumiu, antes até de assumir, disse que iria mandar todos os médicos de fora do Brasil embora, não somente cubanos. Isso demonstrou um tratamento ideológico a questão. Tanto de um lado existiu ideologia, quanto do outro está havendo. Isso provocou com que muitas comunidades do estado do Ceará, e do Brasil, ficassem sem médicos por muito tempo, e muitos ainda hoje estão. Dizia-se que preencheria rápido, mas não se preenche rapidamente, ainda existe um vazio”, lamentou.

Carlos Felipe fez elogios ao Plano de Cargos e Carreiras (PCC) previsto no plano, mas afirmou que qualquer programa de saúde pública terá dificuldade em se tornar exitoso diante do congelamento de recursos para a área. “Esse programa é interessante, ele coloca uma possibilidade antiga de uma conquista, que não deve haver somente na atenção primária, que é o Plano de Cargos e Carreiras, que é você poder ganhar mais se você estiver mais diferenciado. Um estímulo para quem está mais distante. São pontos que nós defendemos há muito tempo, é um aprimoramento do sistema, mas se não houver de contrapartida um aumento de recursos, não adianta nada, porque o dinheiro está congelado na saúde, o reajuste está sendo só com base na inflação”, acrescentou ao blog.

Para o parlamentar, que assim como a deputada Silvana também é médico, a falta de reajuste nos valores repassados pela União impede que prefeituras invistam em melhorias das condições para a população. “Como é que você vai melhorar o atendimento se você não está aumento recursos, está só repondo a inflação? Qual prefeito vai ficar abrindo PSF (Programa Saúde da Família), com ajuda do governo federal de R$ 15 mil, se custa R$ 34 mil?”, questionou o parlamentar.