O Brasil lidera em investimentos estrangeiros na América Latina, diz pesquisa. Foto: Agência Brasil.

Em contraste com a tendência mundial, os Fluxos de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para a América Latina e Caribe aumentaram 13,2% em 2018 em comparação com 2017, totalizando US$ 184,3 bilhões de dólares, segundo informou, nesta quarta-feira (14), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O Brasil, dentro da América Latina, é o país que têm maiores investimentos (US$ 88,3 bilhões, 48% do total regional) e no México (36,9 bilhões de dólares, 20% do total).

O crescimento no ano de 2018 mudou o panorama após cinco anos de queda. Em todo o Mundo, o IED registrou queda 13%, entre 2018 comparado a 2017, chegando a US$ 1,3 trilhão, similar ao verificado em 2010, primeiro ano de recuperação após a crise financeira mundial de 2008.

Crescimento em 2018

O relatório afirma que, apesar do baixo crescimento econômico do Brasil nos últimos anos, a entrada de IED aumentou 25,7% em 2018, comparado a 2017. “Os fluxos de capital por empréstimos entre companhias foram determinantes para o aumento, já que se quintuplicaram em relação a 2017, chegando a representar 37% do total do IED”, disse o estudo.

Segundo a Cepal, 47% das entradas de IED em 2018 na América Latina e Caribe foram direcionados para a indústria manufatureira, 35% para serviços e 17% para recursos naturais. Por outro lado, as megaoperações de fusão e aquisição transfronteiriças (relativos à fronteiras) concentraram-se no Chile e no Brasil, nos setores de mineração, petróleo e serviços básicos (eletricidade e água).

Ainda segundo o Cepal, a maior parte do capital que entrou na região veio da Europa (que tem uma maior presença no Cone Sul) e dos Estados Unidos (principal investidor no México e na América Central). A China, por sua vez, perdeu participação em fusões e aquisições na América Latina e no Caribe.

Com relação ao comportamento das empresas transnacionais latino-americanas, conhecidas como translatinas, o documento da Cepal informou que a saída de IED dos países da América Latina diminuiu em 2018 pelo quarto ano consecutivo e alcançou US$ 37,9 bilhões. E mais: 83% do investimento direto no exterior procedente da América Latina são originários do Brasil, Chile, Colômbia e México.

Expectativas para a América Latina

Entretanto, as perspectivas para 2019 na América Latina e Caribe “não são animadoras devido ao contexto internacional”. A expectativa da Cepal é de queda de até 5% nas entradas de IED na América Latina e Caribe este ano.

O IED é considerado a melhor forma de investimento por ser aplicado no setor produtivo da economia e ser de longo prazo. O IED pode ser com aporte de capital, empréstimo intercompanhia (entre empresas do grupo) ou reinvestimento de lucros.

“Ao analisar os diferentes componentes do IED, observa-se que a recuperação do dinamismo em 2018 não se baseou na entrada de aumentos de capital, que seria a fonte mais representativa do interesse renovado das empresas para se estabelecerem nos países da região, mas no crescimento do reinvestimento dos lucros e dos empréstimos entre empresas”, disse o documento.

O estudo mostra uma grande heterogeneidade nos resultados nacionais: em 16 países, há um aumento das entradas em comparação com 2017 e, em 15 países, há uma diminuição.

Com informações do CEPAL e da Agência Brasil.