Entrada do Município de Uruburetama:  Foto:  Prefeitura Municipal de Uruburetama.

O prefeito de Uruburetama, Município do Interior cearense, José Hilson de Paiva, está preso em Fortaleza, preventivamente, após ter sido denunciado em rede nacional, no Fantástico do último domingo (14), pela prática de abusos sexuais em seu consultório médico, ao longo dos últimos anos, fato público, amplamente comentado em redes sociais já há algum tempo. O vice-prefeito do Município, Artur Wagner Vasconcelos Nery, no exercício do cargo, desde o afastamento do prefeito pela Câmara Municipal de Uruburetama, no início desta semana, responde criminalmente, na Comarca de Fortaleza, juntamente com um filho e a nora, segundo denúncia do promotor de Justiça Francisco Lucídio de Queiroz Junior, do mês passado.

O promotor, integrante do Grupo de Descongestionamento Processual do Ministério Público cearense, acusa o vice-prefeito em questão de violar o Art. 158 do Código Penal Brasileiro ao chantagear o prefeito ora preso, em oito de março de 2018, para forçar a sua renúncia ao cargo, em razão de estar em seu poder com mais de 20 fotografias registrando a prática de atos sexuais do prefeito, na Prefeitura, com uma servidora do Município. O crime, porém, só foi denunciado ao Poder Judiciário no dia 24 de junho de 2019, pouco mais de um ano do seu ocorrido, testemunhado por outras pessoas, inclusive o deputado Leonardo Araújo, segundo relato do promotor.

São duas situações diferentes de práticas delituosas envolvendo os políticos citados. O noticiário do momento, registrando o afastamento e a prisão do prefeito e médico, passa a ideia de eficiência dos agentes públicos da área criminal, o que não é verdade. Hilson, pelo histórico de suas peripécias, nunca foi investigado com a seriedade que as denúncias contra si reclamavam. Seu prestígio político e o status da profissão que maculou, talvez tenham sido as razões que inibiram os representantes do Estado a cumprirem bem suas obrigações, como agora fazem, após  o clamor popular que a reportagem da televisão gerou.

Essas ações de hoje, porém, não as purificam, mas poderiam servir para uma autocrítica. É inaceitável que situações tão graves como as perpetradas pelo médico Hilson e o vice-prefeito Artur Wagner demorem tanto para serem alcançadas pelo Ministério Público, a Polícia, o Judiciário, e também pelas entidades médicas e o partido político deles. Infelizmente, são por conta de coisas assim que a sociedade fortalece o seu descrédito nos agentes públicos que, não deveriam precisar do impulso dos meios de comunicação para bem desempenharem  suas funções. O quadro em comento, para tristeza de muitos, deixa evidente que se o Fantástico da rede Globo não tivesse denunciado o fato, o prefeito continuaria com sua prática delituosa e imoral.

Torçamos para que ele permaneça mais tempo impossibilitado de fazer novas vítimas. Só as ações de integrantes do Ministério Público e do Judiciário poderão livrar a sociedade por bem mais tempo das práticas criminosas do Hilson. Afinal, ele ainda precisa ser processado e condenado pelos crimes cometidos.  Ele ainda é uma ameça, pois sem condenação não há como ficar preso por muito tempo, e sem ter o mandato cassado também pode voltar a assumir o comando da Prefeitura. A idade lhe favorece.

O serviço público precisa ser eficiente. Já melhorou em alguns pontos, mas ainda deixa muito a desejar, apesar das cobranças feitas pelos  brasileiros, graça a evolução experimentada pelo  exercício de cidadania dos mais carentes, apoiados pelos veículos de comunicação.

Acompanhe comentário do jornalista Edison Silva: