Renato Roseno  quer que a discussão aconteça sobre o conteúdo das conversas reveladas. Foto: ALECE.

O deputado estadual Renato Roseno (PSOL) utilizou seu tempo no primeiro expediente desta quinta-feira (13) na Assembleia Legislativa para abordar outro assunto que vem sendo bastante debatido nesta semana na Casa, as publicações feitas pelo site The Intercept com conversas entre o ministro Sergio Moro, então juiz federal, com procuradores da Operação Lava-Jato.

Para Roseno, a grande mídia foca na forma ilegal que as conversas foram conseguidas e não na gravidade dos fatos revelados. Ele afirmou concordar com Moro quando, há algum tempo, o então juiz afirmou no programa do jornalista Pedro Bial, que o mais importante não é como a denúncia foi feita, mas o seu conteúdo. Na época, Moro referia-se ao vazamento de conversas entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Para o parlamentar do PSOL, o caso é o mesmo de agora, mas a grande mídia dessa vez não foca nas acusações.

O parlamentar afirmou entender que este processo é o mais importante da República nos últimos 40 anos. Em aparte, a deputada Patrícia Aguiar (PSD) concordou com a afirmação e disse não ter ficado surpresa com o teor das conversas reveladas. “Já imaginávamos que ocorria esse tipo de conluio, infelizmente”, afirmou.

Críticas até mesmo de aliados

Ressaltando ter votado em Bolsonaro nos dois turnos das últimas eleições, o deputado Leonardo Araújo (MDB) fez críticas ao que denominou ‘parcialidade seletiva’ por parte de Sergio Moro. Advogado, Araújo disse que era um entusiasta da Lava-Jato, mas que ficou muito decepcionado. “Qualquer relação do judiciário com uma das partes envolvidas em um processo é ilegal, é imoral”, disse o parlamentar, que cobrou respostas de Sergio Moro sobre o caso.

Para finalizar, Renato Roseno ressaltou a importância do bom jornalismo para a sociedade, lembrando do caso Watergate, nos Estados Unidos, que culminaram na saída de Nixon da presidência. “Jornalismo é serviço público, é plural e incomoda o poder. É necessário prezar pelo bom jornalismo e o direito de se ter uma boa fonte. É por isso que a nossa Constituição permite somente ao jornalista guardar a sua fonte, ninguém mais”, concluiu.