Sérgio Moro é acusado de ter mantido condutas parciais e antiéticas na Lava Jato; ele nega irregularidades. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (26) um requerimento que convida o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para audiência pública sobre o material publicado pelo The Intercept Brasil. Desde domingo, 9 de junho, o site vem divulgando mensagens que teriam sido trocadas por Moro, então juiz federal, com integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato.

O ministro deveria ter participado, nesta terça-feira (25), de debate conjunto em duas comissões, mas cancelou o compromisso devido a uma viagem aos Estados Unidos. O presidente da CCJ, deputado Felipe Francischini (PSL/PR), declarou hoje ter recebido nota informando que Moro se colocou à disposição para comparecer na próxima terça-feira (2), às 14 horas, para debate conjunto com as comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Direitos Humanos e Minorias e de Fiscalização Financeira e Controle.

Fundador e colunista do The Intercept Brasil, o jornalista Glenn Greenwald disse, na última terça-feira (25), na Câmara dos Deputados que, em sua opinião, houve uma conspiração entre o ex-juiz e os procuradores que atuam na Lava Jato. Segundo Greenwald, as mensagens indicam que houve parcialidade nas decisões proferidas por Moro – e um dos mais prejudicados teria sido o ex-presidente Lula, que está preso em Curitiba.

Moro e os procuradores afirmaram em entrevistas que não tiveram acesso ao material em poder do site jornalístico, negaram qualquer irregularidade nas conversas e também lançaram dúvidas sobre o conteúdo das mensagens, que, na visão deles, poderia ter sido manipulado. O ministro comentou ainda que foi vítima de um ataque hacker – assim, para ele, o conteúdo explorado pelo portal tem origem ilícita.

O requerimento aprovado, de autoria dos deputados Darcísio Perondi (MDB/RS), Bia Kicis (PSL/DF) e Delegado Waldir (PSL/GO), foi subscrito por vários parlamentares. Os da oposição ao governo Bolsonaro defenderam a aprovação de outro pedido, para convocar Moro. A diferença entre convite e convocação é que, no segundo caso, a ausência configura crime de responsabilidade.

Com informações da Agência Câmara.