Por: A.Capibaribe Neto – Especial para o Blog do Edison Silva

Foi durante a exibição, aqui no Brasil, de uma reportagem produzida por uma equipe de jornalistas da Televisão Alemã, sobre o Afeganistão, que me dei conta do valor das minhas duas viagens a esse país.

A equipe da emissora foi logo depois que percorri os lugares mais perigosos. À época, ao final de ter conseguido armazenar mais de cinco mil imagens nas memórias do notebook e iPad que carreguei comigo, nem percebi que essa ousadia contou com muita sorte e só depois, examinando meu trabalho, descobri que tinha um tesouro pura e simplesmente guardar só para mim.

O narrador da matéria da televisão alemã dizia muito das dificuldades de explorar alguns lugares, como os nichos vazios onde antes haviam os budas gigantes de Bamiyan, explodidos pela ignorância dos talibãs.

Ora, eu consegui subir as centenas de degraus íngremes de uma dessas estátuas e lá do topo, no lugar onde estiveram as enormes cabeças, ter uma visão privilegiada do Vale do Bamiyan, por onde passa a Rota da Seda. Fotografei restos de tanques destruídos, caminhei inadvertidamente sobre um campo minado, quando pedi ao motorista para fazer uma parada para molhar o chão e me afastei um pouco da estrada para ter mais privacidade. De repente, ele que ficara ocupado ao celular, gritou: – Mr. Capi, mister Capi! Pare, por favor. O senhor sabe por onde caminhou até aí?” Respondi que sabia… – “Pois volte pelas mesmas pegadas…” Quando cheguei perto dele, vi um rosto apavorado. Sem dizer nada, ele me apontou apontou para uma placa coberta de poeira onde se destacava, em vermelho: DANGER! MINED CAMP – Perigo! Campo Minado. isso foi sorte.

Já tinha visto alguns afegãos, inclusive crianças, caminhado pelas  vilas do lugar, apoiados em muletas, com pernas ou pés amputados em decorrências dessas armadilhas covardes. Nessa seleção de imagens que me orgulho de ter feito, vemos uma mulher de burca seguida pelo seu “mahram”, membro da família, sem a qual ela não pode sair de casa. Foi a placa desejando boa viagem e “volte outra vez” que me fez retornar a esse país de céu especialmente azul desde as montanhas cobertas de neve no inverno.

Texto e Fotos: A.Capibaribe Neto.