Palácio da Abolição. Foto: Governo do Estado.

O governador Camilo Santana reuniu, na manhã desta segunda-feira (13), no Palácio da Abolição, parte da bancada federal cearense (oito deputados e um senador) e os reitores das Universidades Federais no Estado, Henry Campos (UFC), Ricardo Ness (UFCA), Alexandre Cunha (Unilab) e Virgílio Araripe, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, para discutirem a situação financeira dessas instituições de ensino, em razão do corte de aproximadamente um terço de suas respectivas dotações orçamentárias deste ano determinado pelo Ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Todos os participantes do encontro ficaram sensibilizados com a situação, chegando o governador Camilo Santana apelar para a “sensibilidade do presidente da República para rever essa decisão de imediato. Estive pessoalmente com ele na semana passada, junto com os governadores do Nordeste, e falei sobre a importância da educação ser colocada como prioridade absoluta; inclusive o ensino superior. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que esse bloqueio de verbas das universidades seja revisto o mais rápido possível”, enfatizou o governador.

O senador Cid Gomes destacou a necessidade de se manter os investimentos no setor pela sua importância junto à sociedade. “A gente foi testemunha nas últimas duas décadas do processo de expansão das matrículas de ensino superior no país e de modo muito especial no Ceará. O Instituto Federal tinha apenas quatro bases e hoje está presente com 32 centros. Nós tivemos duas novas universidades, a Universidade Federal do Cariri (UFCA) e a Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira). A gente sabe a importância que elas têm para o nosso desenvolvimento, nossa economia e nosso futuro. Então, é importante que nós estejamos solidários a elas e que o Governo (Federal) perceba que se quer fazer ajustes tem que mexer com outros setores que já vêm lucrando ao longo do tempo”, ponderou Cid.

Da bancada federal cearense estiveram presentes os deputados Antônio José Albuquerque, Mauro Filho, José Guimarães, André Figueiredo, Leônidas Cristino, Eduardo Bismark, Robério Monteiro e Domingos Neto, coordenador da bancada, para quem “esses cortes atingem a todos os setores da sociedade e é necessário que os deputados façam uma forte pressão” para que haja um recuo do  Governo. Também participaram da reunião o presidente da Assembleia, deputado José Sarto, e o líder do Governo no Legislativo estadual, Júlio César, além da vice-governadora, Izolda Cela, e secretários estaduais.

Afetados diretamente

Os quatro reitores presentes – Henry Campos (Universidade Federal do Ceará), Virgílio Araripe (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará), Ricardo Ness (UFCA) e Alexandre Cunha (Unilab) – foram unânimes em dizer que o bloqueio dos recursos vai inviabilizar a oferta atual de serviços e investimentos realizados pelas instituições.

Na UFC as dificuldades já podem ser sentidas, de acordo com o reitor. “Nós já começamos a desempenhar algumas coisas para poder efetuar pagamentos. O nosso corte é da ordem de 38% e é semelhante nas universidades. Isso inviabiliza o funcionamento se não for revertido. Nós não temos tempo de esperar que (o Governo Federal) só vai rever se a reforma da Previdência for votada”, disse Henry Campos.

Virgílio Araripe, do IFCE, corroborou com Henry Campos no tocante à inviabilização dos serviços na atual conjectura. “Se não houver uma situação contrária não dá para fazer com esse valor uma questão de realinhamento interno, a matemática não bate. Isso está nos preocupando. Esses efeitos já estão acontecendo agora. É importante ter toda a sociedade envolvida, lutando conosco para que a gente reverta essa situação. Não tem outro caminho”, ponderou.

Ações cotidianas que vão ser afetadas pela decisão foram pontuadas por Alexandre Cunha. “Eu concordo com tudo que os colegas colocaram aqui. Muitas das universidades federais e institutos já manejam dinheiro do seu funcionamento para assistência estudantil. Não tem como garantir o bandejão, as bolsas. O clima fica péssimo na gestão. O fornecedor acha que não vai receber mais”, citou o reitor da Unilab.

A falta de abertura para tentar solucionar os problemas na base da conversa foi citada pelo reitor da UFCA como um dos principais entraves encontrados pelas instituições na atualidade. “A nossa Universidade nasceu em meio a uma certa crise, mas gente sempre conseguiu contornar e avançar com muito diálogo e é o que não está acontecendo. A gente sempre teve uma boa interlocução com o MEC e esse bloqueio a gente foi notificado pelo sistema, não teve nenhuma nota do MEC, não houve uma reunião”, informou Ricardo Ness.

Com informações da Assessoria do Governo do Estado