Quase todos os partidos nacionais estão, no momento presente, em fase de organização interna, preparando suas estruturas para as eleições municipais do próximo ano, diferentes de todos os outros pleitos eleitorais acontecidos nas últimas décadas, em razão do fim das coligações proporcionais, um dos principais trunfos para as eleições dos seus representantes no Legislativo, no caso de 2020, nas Câmaras Municipais. Alguns, porém, por conta dessa nova realidade, estão com bem mais dificuldades de reunir aliados, caso do MDB.

No caso do Ceará, ou mais precisamente em Fortaleza, na avaliação de alguns próprios filiados, são mínimas as chances de o partido participar da disputa municipal como protagonista, mesmo tendo um bom tempo de rádio e televisão para usufruir. O ex-senador Eunício Oliveira, presidente estadual da agremiação, que já sofria restrições de correligionários quando detentor de mandato, por razões várias, sobretudo pelo exagerado grau de vaidade, agora é que agrega bem menos.

Falar em ter candidato próprio à Prefeitura de Fortaleza, até pode. Mas não tem nome competitivo, lamentavelmente. O ideal é que o fortalezense pudesse contar com um expressivo número de qualificados postulantes ao comando da cidade. A inexpressividade da agremiação na Capital cearense, no entendimento de alguns dos seus resilientes filiados, pode até não reunir candidatos à Câmara Municipal que amealhem os mais de 30 mil votos necessários para a eleição de um vereador. Hoje o MDB tem apenas um representante do Legislativo fortalezense, Casimiro Neto, eleito com 5.282 votos.

Saído da disputa de 2018, derrotado e muito desgastado com várias lideranças políticas locais, Eunício Oliveira tem pouco espaço de aliança majoritária na disputa municipal do ano que vem. Praticamente só lhe resta apoiar a candidatura da deputada federal petista Luizianne Lins, sem o governador Camilo Santana, seu único amigo no universo das lideranças políticas cearenses. No provável palanque do deputado estadual Capitão Wagner (PROS), um outro pretenso candidato, não há espaço para o emedebista. Além dos resquícios desagradáveis que ficaram da eleição de 2014, quando Eunício disputou o Governo do Estado contra Camilo, foi o empenho de Wagner com a candidatura do hoje senador Eduardo Girão (Podemos) um dos principais vetores da derrota de Eunício.

E junto ao candidato governista, a ser apresentado pelo prefeito Roberto Cláudio, é que o MDB de Eunício não estará. Ciro, Cid e Roberto Cláudio não o aceitarão, e por certo o governador não insistirá em levá-lo para tal campanha. E, assim, o MDB cearense, a partir da Capital, caminha para uma realidade apocalíptica. Embora na política nacional não exista o impossível, não há perspectiva de o partido, com esse comando estadual, individualista e pretensioso, formar grupo qualificado para realmente disputar os importantes espaços majoritários, embora, há muito, ele sempre tem precisado de outras lideranças políticas locais para levar os seus a postos majoritários.

Foi assim com o próprio Eunício, que conseguiu um único mandato de senador, ao lado do ex-senador José Pimentel, que só chegou lá com o empenho de Cid Gomes, quando disputou o seu primeiro mandato de governador, e a ajuda de Lula para derrotar o senador Tasso Jereissati, que o beneficiou.

Acompanhe o comentário do jornalista Edison Silva sobre o assunto: