Plenário 13 de Maio repleto de parlamentares e militantes pela educação. Foto: Blog do Edison Silva.

A Assembleia Legislativa do Ceará realizou, na manhã desta sexta-feira (31), uma sessão especial para debater a redução no orçamento de instituições federais de ensino superior. O evento contou com a presença dos reitores das quatro instituições federais de ensino superior cearense, do senado Cid Gomes (PDT) e do secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará (Secitece), Inácio Arruda (PCdoB).

O presidente da Assembleia, deputado José Sarto (PDT) abriu a sessão ressaltando que, embora a questão esteja sendo abordada em âmbito federal, a medida impacta os estados e, por isso, é importante o debate no Legislativo Estadual. São tempos de intolerância, em que vemos pouca compreensão quanto às nuances da sociedade e pouca generosidade. Hoje a nossa proposta é ser uma caixa de ressonância e ouvir a preocupação justa dos reitores”, afirmou o parlamentar.

O senador Cid Gomes, que teve uma breve passagem como ministro da Educação no governo Dilma Rousseff (PT), firmou compromisso em defesa da Educação e afirmou que o bloqueio de verbas das universidades é “medieval”. Para ele, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e sua equipe não estão “à altura da responsabilidade que lhes foi confiada”.

“Entendo que devemos fazer sacrifícios pela saúde fiscal do País, mas não sejamos irresponsáveis, a Educação é a base do progresso do Brasil. Basta observar a dinâmica das famílias: quando a crise aperta, diminui-se o lazer, economizam-se os gastos com água e energia, mas ninguém tira os filhos da escola”, afirmou o pedetista.

O secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará (Secitece), Inácio Arruda, salientou que o Estado tem muita responsabilidade com as universidades, porque elas são patrimônio cearense. “São jovens nossos nessas instituições, gente do povo, simples e pobres. E o que querem fazer é mexer na possibilidade de ascensão social do povo mais pobre desse País”, comentou o secretário.

Deputado José Sarto presidiu sessão especia. Foto: Assembleia Legislativa.

A sessão foi uma iniciativa do presidente da Casa, José Sarto e dos deputados Queiroz Filho (PDT), Bruno Pedrosa (PP), Fernando Santana (PT) e Augusta Brito (PCdoB). Além deles, estiveram no Plenário os deputados Walter Cavalcante (MDB), Drª Silvana (PR), Nezinho Farias (PDT), Acrísio Sena (PT), Carlos Felipe (PCdoB), Jeová Mota (PDT) e Guilherme Landim (PDT).

Reitores

Também participaram do evento os reitores da Universidade Federal do Ceará (UFC), Henry Campos; do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Virgílio Araripe; da Universidade Federal do Carari (UFCA), Ricardo Luiz; e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Alexandre Cunha Costa.

Henry Campos afirmou que o governo Jair Bolsonaro está patrocinando uma clara campanha de desmoralização das universidades públicas. “É falacioso e inverdade dizer que o Brasil já gasta muito com educação superior. Outra inverdade dita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, é que toda pesquisa no Brasil é realizada por universidades privadas, quando, na realidade, 95% das pesquisas feitas no País são de universidades públicas”, afirmou o reitor.

“Nós já trabalhamos com o mínimo. Essa coisa de falar em verba tipo A ou tipo B é uma questão meramente retórica, para confundir a opinião pública e para as pessoas desinformadas. Todo o dinheiro que está lá no orçamento é absolutamente necessário e imprescindível”, afirmou Henry a este blog, sobre afirmações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que o bloqueio não atingiria verbas essesnciais.

O reitor do IFCE, Virgílio Araripe, lamentou os impactos que o bloqueio orçamentário podem ocasionar no financiamento da instituição para 2019. “Com o valor do nosso orçamento comprometido, só conseguimos manter e chegar com a instituição até o final de agosto”, anunciou. Na avaliação de Virgílio Araripe, não se pode jamais admitir a paralisação das atividades de um instituto dessa importância.

“Temos todos os nossos cursos muito bem avaliados, com conceitos altos nos medidores de Educação, e muito importantes para o desenvolvimento regional do nosso Estado. Em vez de retroceder, devemos valorizar nossas instituições, pois o verdadeiro caminho para o desenvolvimento nacional passa pela educação, ciência e tecnologia”, enfatizou o reitor do IFCE.

O reitor da UFCA, Ricardo Luiz, salientou que a instituição sofreu um bloqueio de 29,4% dos seus recursos e que as consequências são muito graves. “Cortamos todos os auxílios para pesquisadores, além de manutenção predial, de sistema de ar-condicionado, de equipamentos dos laboratórios, que estão todos inviabilizados. Além disso, estão inviabilizadas obras, pois pretendíamos expandir a nossa instituição”, enumerou Ricardo Luiz.

Ainda segundo ele, um ensino público superior de qualidade seria a saída para qualquer crise, mas, ao invés disso, é apresentado um plano de desmonte. “Somos vistos como ameaças, quando, na verdade, poderíamos ser a solução”, complementou o reitor da UFCA.

O reitor da Unilab, Alexandre Cunha Costa, destacou que, assim como as demais instituições federais, a Unilab está cumprindo a sua missão institucional, sendo um polo muito importante para o desenvolvimento regional, sobretudo no Maciço de Baturité.

“Questiono-me e lanço esse questionamento reflexivo sobre como seria o Estado do Ceará e o Nordeste brasileiro sem as universidades públicas aqui representadas. É difícil imaginar isso, portanto não há como medir a dimensão da importância das universidades e dos institutos federais para a nossa sociedade”, pontuou Alexandre Cunha.