Ciro Gomes. Foto: Blog do Edison Silva.

Ciro Gomes, ao programar discutir o projeto da Reforma Previdenciária, nas grandes cidades brasileiras, cumpre um dever de homem público, e mobiliza os seus correligionários pedetistas para a campanha eleitoral do próximo ano, sem esquecer a dele próprio, em 2022. O evento realizado na última quinta-feira (17), em Fortaleza, no bairro da Parangaba, atendeu a todos esses objetivos, quando o prefeito Roberto Cláudio, responsável pela sua própria sucessão, e Ciro, foram as figuras centrais, mesmo com as presenças de outras lideranças políticas no evento.

A eleição municipal do ano que vem é de significativa importância para o projeto nacional do PDT. Embora Ciro tenha saído em terceiro lugar na última disputa presidencial, o seu partido ainda não tem a musculatura necessária, nos principais estados brasileiros, para sustentar, sem a escora de outras forças, uma postulação presidencial, verdadeiramente competitiva, aquela que reúne o candidato qualificado e uma base sólida de apoiadores. Candidato e apoiadores são indissociáveis na disputa majoritária normal, diferente daquela que elegeu Jair Bolsonaro.

Em 2018, a eleição foi atípica, portanto, muito diferente de todas as demais, por não reunir os elementos condicionantes de uma bem sucedida eleição majoritária, como todos os isentos observadores políticos conhecem. A próxima disputa, em 2022, por certo será diferente, por isso os pretensos candidatos à sucessão presidencial, mesmo tão distante como está, trabalham, cada um a seu modo, a estruturação necessária para suas consolidações. Ciro trabalha fazendo reuniões visando imediatamente as eleições municipais, e o seu já principal concorrente, deputado Rodrigo Maia, liderando o movimento na Câmara dos Deputados, para aprovação das reformas reclamadas, a partir da Previdenciária.

Prefeito Roberto Cláudio. Foto: Blog do Edison Silva.

A eleição municipal de Fortaleza, por razões óbvias,  é a mais importante para o projeto nacional de Ciro, embora ele aposte em outras capitais. Ele também sabe que por suas pretensões futuras, todos os seus adversários, incluindo o PSL do presidente Bolsonaro, e o PT do Lula, separadamente, despenderão todas as suas forças para enfrentá-lo, com a colaboração das agremiações periféricas, inclusive o MDB. Além do projeto presidencial, o discurso ferino de Ciro colabora para a reunião de forças contra o candidato do PDT em Fortaleza.

O prefeito Roberto Cláudio, perspicaz como é, sabe que o seu candidato será o alvo das oposições. Aos interlocutores ele transmite confiança, também na liderança de Ciro em Fortaleza, junto com o irmão Cid, e o governador Camilo Santana que, desta vez, fora do PT, vai estar com o grupo ao lado do candidato escolhido pelo próprio Roberto, para disputar a sua sucessão municipal, nome que será apontado após conhecidos os resultados das pesquisas que serão feitas, a partir do fim deste ano, até março do ano do pleito.

Para o esquema governista quanto mais candidato a prefeito surgirem, melhor, embora no entendimento do grupo é que o candidato do prefeito só terá dois concorrentes: o Capitão Wagner e Luizianne Lins. Os demais que aparecerem, por várias razões, dificilmente tornar-se-ão competitivos, apesar dos discursos que farão até o início propriamente dito da campanha quando, por razões legais, os espaços da propaganda ficam limitados aos da Justiça Eleitoral, cujos beneficiados são os nomes apoiados pelas agremiações com maior número de deputados federais.

O candidato da situação, como aqui já tratamos, reunirá o maior número de partidos na sua aliança, a partir do PDT, o PP, o PSD, o PRB e outros, garantindo, por consequência o maior espaço no rádio e na televisão que, apesar de todos os questionamentos, ainda são as duas grandes forças para qualquer postulação majoritária, além de poder arregimentar um maior volume de recursos dos fundos Eleitoral e Partidário, outro elemento facilitador de campanhas.

Acompanhe o comentário do jornalista Edison Silva.