Ciro Gomes foi a estrela do PDT, em Brasília, na última quinta-feira (11), quando foi lançado o “Observatório Trabalhista“, um espaço de contraposição, posto ter nascido no marco dos primeiros 100 dias do Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ciro, como candidato do PDT à Presidência da República, no ano passado, foi o terceiro colocado na disputa. Em 1990, quando Fernando Collor de Melo (PRN, hoje ele é filiado ao PROS) assumiu a chefia da Nação, o ex-presidente Lula, derrotado por ele, no ano anterior, instalou o “Governo Paralelo“, inclusive com uma representação ministerial, dando motivos, inclusive, a chacotas.

O projeto do “Governo Paralelo” não ajudou o Lula a chegar à Presidência na eleição imediatamente seguinte ao mandato de Collor, concluído por Itamar Franco, seu vice, em razão do impeachment. Foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB) quem venceu as duas eleições presidenciais consecutivas, aliás, iniciando a era da reeleição no País. O “Observatório Trabalhista” também pode em nada contribuir para um possível sucesso eleitoral de Ciro, nas eleições de 2022. Ao contrário. O PDT fortaleceu um pouco sua musculatura no pleito passado, mas ainda é pequeno para manter uma estrutura de oposição capaz de aglutinar outras forças, com o mesmo desiderato, em momento tão distante da próxima disputa presidencial, tendo ainda, ao meio,  disputa municipal de 2020.

Folha de São Paulo noticiou lançamento do “governo paralelo” do PT.

Realmente são diferentes os momentos e as formas dos dois projetos: o “Governo Paralelo” e o “Observatório Trabalhista”. Este, no seu lançamento, à exceção da parte tratada quanto à Reforma da Previdência, não disse a que veio. Não sensibiliza mais ao cidadão só a crítica ou o apontar do erro.     É preciso bem mais, sobretudo de quem tinha ou tem pretensões de estar no lugar de quem é o atual alvo. Sem apontar solução para o erro, para o fato razão da crítica, não há como o eleitor consciente acreditar que o adversário faria melhor. Uma oposição verdadeira, ao denunciar a inércia do Governo quanto ao crescimento do desemprego no País, precisa dizer que medida de choque teria adotado, de imediato, para contê-lo, isto é, ofereceria a solução para o problema apontado.

Mas o projeto do PDT pode até acabar sendo útil ao Brasil e dar retorno político e eleitoral aos seus filiados. Mais do que nunca os brasileiros estamos precisando discutir os problemas nacionais.  É momento de darmos um basta aos projetos acabados dos governos, em qualquer das suas esferas. Eles precisam ser discutidos tanto em relação a qualidade como quanto à oportunidade, o que não vem sendo feito, sequer pelos diversos legislativos. A verdade do governante tem sido sempre absoluta. E ele, qualquer que seja o de plantão, erra muito, com consequências quase sempre desagradáveis para a população.

O PT, o PSDB e tantos quantos partidos tenham pretensões viáveis de chegar ao Poder, poderiam criar seus mecanismos de discussão dos projetos importantes para o País, abrindo espaços para seus filiados tornarem suas ideias conhecidas e contribuindo para motivar toda a sociedade a ser participativa, fazendo com que as disputas eleitorais, nos momentos próprios, tenham realmente a participação popular, hoje, restrita ao dia da votação, também por ser uma obrigação legal.

Acompanhe comentário do jornalista Edison Silva.