Deputado Renato Roseno. Foto: Assembleia Legislativa.

O deputado Renato Roseno (PSOL) usou seu tempo no primeiro expediente da sessão desta quarta-feira (17), para fazer críticas ao que chamou de mais um grave “abuso jurídico“, agora por parte do Supremo Tribunal Federal, com a decisão de mandar retirar do ar uma matéria que citava o ministro Dias Toffoli, no site O Antagonista e da revista Crusoé.

“Eu mantenho uma distância ideológica imensa com os veículos citados, sou de um partido de esquerda, socialista, mas eu defendo a democracia e a liberdade de imprensa”. O parlamentar afirmou que o governo federal fora eleito beneficiando-se de Fake News, mas o STF não fez nada para coibir isso na época.

“O documento da delação existe, alguém vazou? Sim. Aí o jornal fez o que tinha que fazer, publicar a informação que recebeu. O ministro poderia ter coibido de outra forma, como com um pedido de resposta, mas nunca com censura. É um atentado à democracia!”, bradou o parlamentar, afirmando ainda que o STF não interveio quando houve o que ele chamou de “abusos imensos” na Lava-Jato. “O STF tem defendido a liberdade de empresa, mas defendemos a liberdade de imprensa”, disse.

A deputada Dra. Silvana (PR) acrescentou à fala de Roseno: “Se avizinha a ditadura do Supremo Tribunal Federal, e qualquer ditadura é ruim. Eu defendo que qualquer notícia falsa tenha que ser combatida, tenha que ser retirada do ar, mas no caso a notícia aqui é verdadeira!. Eu sou a favor de censura contra uma notícia falsa, sei que vossa excelência é contra, mas acredito que o que é sabidamente falso não possa ser divulgado, mas essa é uma informação verdadeira!”, ponderou.

Roseno concluiu lembrando que delações como a citada na matéria coibida já causaram a prisão do ex-presidente Lula. “É absolutamente temerário que um ministro mande retirar do ar uma matéria por citar um outro ministro, citando haver Fake News. Ora, prendemos um ex-presidente por causa de delação. E a delação está lá. Marcelo Odebrecht pode até ter mentido, mas a delação está lá. Há outras formas de se buscar responder a acusações, mas censurar é gravíssimo”, disse, falando ainda que a matéria sequer cita que Toffoli fizera algo ilegal, mas a reação soa como um sentimento de culpa, além de dar muito mais visibilidade ao material do que teria caso não houvesse essa atitude de barrar a publicação.