Rodrigo Maia: “Construímos nos últimos 30 anos um Estado inviável, impossível de continuar existindo”. Foto: Assessoria da Presidência da Câmara.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendeu nesta segunda-feira (18) a aprovação da Reforma da Previdência como parte de um processo de revisão dos gastos orçamentários do País.

Para Maia, o orçamento público federal foi “capturado” ao longo dos últimos 30 anos por corporações públicas e privadas que, reunidas em grupos de pressão, fizeram lobby e acabaram garantindo benefícios junto ao Estado brasileiro.

“A cada ano que passa, os políticos chegam ao Parlamento e têm menos capacidade de atender a sociedade como um todo. Só os grupos de pressão sobrevivem. Na hora de conseguir um aumento, são sempre as principais categorias que conseguem”, criticou Maia. Ele participou nesta segunda-feira de seminário promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, para debater a reforma da Previdência.

Estado inviável
“Construímos nos últimos 30 anos um Estado inviável, impossível de continuar existindo. Ou a política reconstrói as despesas ou o divórcio da política com a sociedade vai ficar cada vez maior”, acrescentou.

Rodrigo Maia sustentou ainda a tese de que muitas pessoas criticam a reforma da Previdência acusando-a de ser contra a população. “A gente está debatendo Previdência e parece que a gente está contra as pessoas. Os servidores públicos, muitas vezes, atacam uma reforma que é a favor deles”, disse.

Na avaliação do presidente da Câmara, o Congresso tem a obrigação de descontruir o modelo de valorização do servidor público adotado ao longo dos últimos anos. Para Maia, ao reduzir a poucos anos a distância entre o piso e o teto remuneratório, esse modelo acabou definitivamente com a meritocracia no serviço público brasileiro.

“Quando você já está no teto [remuneratório], vai todo mundo querer construir algo novo para se remunerar”, disse Maia, criticando propostas que preveem ganhos por produtividade na administração pública. “Servidor público deveria entender que a carreira deveria ser a carreira, sem bonificação. Bonificação é para o setor privado.”

Convencimento
Maia comentou ainda o processo de convencimento de parlamentares para viabilizar a aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso. “Tenho dito ao ministro Paulo Guedes [Economia] que, infelizmente, nós não temos 320 liberais no Parlamento. Será uma construção mostrar aos parlamentares que não tem a agenda de reformas que essa agenda da Previdência é o que vai gerar condições para que o Estado volte a investir na qualidade de vida das pessoas. Senão, nós vamos continuar tirando da sociedade para atender a poucas pessoas, que são aqueles que conseguiram capturar o orçamento público brasileiro”, disse Maia.