Proposta quer impedir registros de novos agrotóxicos no Brasil. Foto: Pixabay.

Proposta em análise na Câmara dos Deputados anula três atos do Ministério da Agricultura sobre novos registros de agrotóxicos no Brasil. Autor do projeto de decreto legislativo (PLD 43/19), o deputado Alexandre Padilha, do PT de São Paulo, quer impedir a liberação de cerca de 60 novos agrotóxicos que chegaram ao mercado desde o início do governo Bolsonaro.

O Texto propõe a suspensão dos atos números 1, 2, 4, 5, 7, 8 e 10, todos deste ano. A Constituição confere ao Congresso Nacional o poder de sustar atos do governo que considerar abusivos.

Ele argumenta que alguns produtos têm o uso proibido nos Estados Unidos e na União Europeia e que há riscos de sanções comerciais à agricultura brasileira. Além disso, Padilha, que é médico e ex-ministro da Saúde, alerta sobre danos à população. O deputado denuncia o que chama de “aumento abusivo no registro de novos agrotóxicos” no Brasil. Em 2005, por exemplo, surgiram apenas cerca de 90 produtos no mercado. O número subiu para 150 em 2015 e deu um salto para 450 em 2018, no governo Michel Temer.

“Em algumas situações, é um produto novo, em outras é a ampliação da autorização de uso do produto para ser utilizado em mais culturas. E a grande maioria deles tem substâncias com relação direta com câncer e impacto ambiental. O nosso projeto é para sustar de imediato esses registros porque acredito que há uma postura abusiva por parte do Ministério da Agricultura, que, inclusive, precisa ser imediatamente apurada. Tenho certeza de que boa parte desses registros não passou pelos procedimentos adequados”.

Alexandre Padilha. Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados.

O deputado Alexandre Padilha cita pesquisa recente da Fiocruz que mostra que o brasileiro ingere, em média, 7,5 litros de agrotóxico por ano sem saber. Mas, para o novo coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Alceu Moreira, do MDB do Rio Grande do Sul, os atos do Ministério da Agricultura visam apenas corrigir a atual demora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária na análise de “defensivos agrícolas”. Segundo Moreira, o argumento de que alguns produtos liberados estão banidos em outros países não passa de “chavão da esquerda para enganar ignorantes”.

“Quem está fazendo uma campanha dessa natureza está servindo aos interesses do capital internacional, que não quer ter o Brasil como concorrente na fronteira agrícola. Queremos que o Brasil tenha o direito da utilização de moléculas já certificadas e utilizadas no mundo inteiro, com pesquisa científica comprovada, sem que, para isso, tenha que se mandar para Anvisa e ficar esperando por dez ou 12 anos. Vamos votar um projeto que leve a uma lei que assegure qualidade alimentar à população, mas que não impeça a produção agrícola por contingente ideológico”.

Os agrotóxicos também são tema de dois projetos de lei bem divergentes, já prontos para votação no Plenário da Câmara. Um deles (PL 6299/02) facilita a liberação de novos pesticidas, mesmo sem testes conclusivos dos órgãos ambientais (Ibama) e de saúde (Anvisa). Já o outro (PL 6670/16) vai em linha oposta e cria a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, com foco no apoio a modelos agroecológicos, menos dependentes de insumos químicos para o controle de pragas e doenças agrícolas.

Com informações da Agência Câmara.