Governador Camilo Santana participou de reunião com governadores do Nordeste. Foto: Governo do Estado.

Nesta quinta-feira (14), os governadores dos estados da Região Nordeste promoveram mais uma edição  Fórum de Governadores do Nordeste, em São Luiz, capital do Maranhão.

Os chefes dos executivos estaduais nordestinos assinaram um protocolo criando o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, reiterando compromissos com a manutenção de equipamentos federais importantes para esta Região, como o Banco do Nordeste do Brasil, a CHESF e a Sudene, para os quais buscarão o apoio dos 153 deputados federais e 27 senadores, representantes estaduais.

Os governadores nordestinos apoiam a Reforma da Previdência, mas querem a manutenção dos direitos dos  mais pobres, notadamente dos beneficiários da Lei Orgânica da Assistência Social, aposentados rurais e por invalidez e se põem contrários  a quaisquer  restrições das garantias fundamentais aos cidadãos e consideram imprescindível retirar a proposta do chamado regime de capitalização.

Os governadores nordestinos são contra a ideia de desvinculação das receitas, sobretudo quanto às relacionadas com Educação e Saúde, assim como declararam oposição a mudanças no Estatuto do Desarmamento.

Leia o texto completo da Carta dos Governadores.

CARTA DOS GOVERNADORES DO NORDESTE
São Luís (MA), 14 de março de 2019.

Os Governadores dos Estados do Nordeste, reunidos nesta data, em São Luis (MA), manifestam-se à sociedade brasileira, nos seguintes termos:

1. Assinamos hoje o Protocolo que resultará na criação do Consórcio Nordeste, importante instrumento político e jurídico para o fortalecimento da nossa região e para melhorar a prestação de serviços públicos aos cidadãos e cidadãs. Acreditamos que a cooperação assim intensificada resultará em diversas conquistas, por exemplo parcerias na aquisição de produtos e na execução de ações conjuntas em áreas como Segurança Pública.

2. No mesmo sentido de proteção e promoção dos direitos do povo do Nordeste, sublinhamos que vamos dialogar com os 153 deputados federais e 27 senadores dos nossos estados para que não haja qualquer retrocesso quanto a mecanismos essenciais para o desenvolvimento regional, notadamente o Banco do Nordeste, a CHESF e a Sudene.

3. Sobre propostas atualmente em debate no pais:

a) Registramos que não concordamos com a ideia de desvinculações de receitas para fazer face ás despesas obrigatórias com saúde, educação e fundos constitucionais, que resultariam em redução de importantes políticas públicas. Em vez disso, desejamos discutir realmente o Pacto Federativo, inclusive no tocante à repartição constitucional de receitas e competências.
b) Quanto à Reforma Previdenciária, consideramos que se trata de um debate necessário para o Brasil, contudo posicionamo-nos em defesa dos mais pobres, tais como beneficiários da Lei Orgânica da Assistência Social, aposentados rurais e por invalidez, mulheres, entre outros, pois o peso de déficits não pode cair sobre os que mais precisam da proteção previdenciária. Também manifestamos nossa rejeição a proposta de desconstitucionalizar a Previdência Social, retirando da Constituição garantias fundamentais aos cidadãos. Do mesmo modo, consideramos ser imprescindível retirar da proposta a previsão do chamado regime de capitalização, pois isso pode inclusive piorar as contas do sistema vigente, além de ser socialmente injusto com os que têm menor capacidade contributiva para fundos privados. Em lugar de medidas contra os mais frágeis, consideramos ser fundamental que setores como o capital financeiro sejam chamados a contribuir de modo mais justo com o equilíbrio da Previdência brasileira.

4. Por fim, defendemos o atual Estatuto do Desarmamento e somos contrários a regras que ampliem a circulação de armas, mediante posse e porte de armas. Tragédias como o assassinato da vereadora Marielle e a de Suzano, no Estado de São Paulo, mostram que armas servem para matar e aumentar a violência na sociedade. Somos solidários à dor das famílias, destas e de outras tragédias com armas, e é em respeito à memória das vítimas que assim nos manifestamos.

5. Ratificamos nosso empenho conjunto em favor de uma nação justa e soberana, renovando mais uma vez nossa disposição para o diálogo amplo, conducente a dias melhores para o Brasil.