Cid articula “centrão” no Senado. Foto: Blog do Edison Silva.

O senador eleito Cid Gomes (PSD) segue articulando a composição de um bloco, já chamado de “Centrão”, no Senado para se contrapor, a priori, à candidatura do senador Renan Calheiros (MDB) à Presidência do Senado. Cid se reuniu, na terça-feira (30), com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para debater o cenário da disputa pelo comando da Casa. O encontro foi acertado pelo presidente do PSD no Ceará, Domingos Filho. O novo presidente da Casa será definido na próxima sexta-feira (1º), após a posse dos novos senadores.

Segundo Domingos, apesar das tratativas com o ex-governador, o posicionamento do PSD na disputa ainda está indefinido, “esperando uma decisão do MDB para saber que posições adotar”. O MDB está dividido entre a candidatura de Calheiros e da senadora Simone Tebet. “Na realidade, essa indecisão do MDB, que tem treze senadores e é a maior bancada, de certo modo, travou todos os demais [partidos] e acho que a disputa só vai mesmo se desenhar a partir do instante que sair o nome do candidato do MDB”, afirmou Domingos.

A disputa interna do MDB é observada de perto pelos demais partidos devido à rejeição ao nome de Calheiros. Dentro do PSDB, por exemplo, a tese que prevalece é de que, caso o candidato seja Renan, o partido será oposição, caso seja Tebet, a sigla está aberta ao diálogo. O mesmo vale para outras siglas que não querem se indispor com o governo federal e seus aliados, publicamente anti-Calheiros.

O bloco articulado por Cid Gomes no Senado é composto, hoje, pelo PDT, PPS e Rede, mas o senador eleito tenta levar ainda o PP, PTB, PSC, PSDB, PSD, Podemos, PRB e DEM, podendo alcançar mais de 50 senadores. “A tese que o Cid lidera é de uma linha de independência, de uma linha de olhar para o Senado, e não aquela de quem fica a favor e de quem fica contra. Isso não é difícil de atrair apoio”, afirmou Domingos Filho. Entre os nomes que o bloco analisa lançar como candidato à Presidência do Senado, está o de Tasso Jereissati (PSDB).

O PSD, por sua vez, conseguiu atrair três senadores para sua bancada, que saltou de sete para dez parlamentares com a chegada dos senadores Carlos Viana (MG), que sai do PHS, e Nelsinho Trad (MS) e Lucas Barreto (AP), que migrariam do PTB. Com a mudança, a sigla torna-se a segunda maior da Casa, ultrapassando o PSDB e perdendo apenas para a do MDB, que tem treze. Kassab, nesta quarta-feira, negou ter acertado apoio a Calheiros e afirmou que, hoje, os senadores da sigla estão livres para votarem de acordo com suas preferências.