O deputado federal Aníbal Gomes (DEM) tem mais um motivo para estar ansioso pelo anúncio do novo secretariado do governador Camilo Santana (PT): a homologação da delação premiada do lobista Jorge Luz, que atinge diretamente o grupo político do senador Renan Calheiros (MDB-AL), do qual o cearense faz parte juntamente com também senador Jader Barbalho (MDB-PA) e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau. No relato, o deputado Aníbal é acusado de ter operacionalizado, juntamente com seu assessor Luís Carlos Batista Sá, R$ 11,5 milhões em repasses ilícitos.

A delação, homologada pelo ministro Edson Fachin, responsável pela Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), endossa a investigação concluída pela Polícia Federal que acusa Calheiros de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por conta justamente de pagamentos no valor de R$ 11,5 milhões em contra partida por contratos da diretoria Internacional da Petrobras, sob influência do MDB através do então diretor Nestor Cerveró. O material, que cita Aníbal como o “homem de Renan Calheiros” na Câmara dos Deputados, está sob responsabilidade da Procuradoria Geral da República desde 25 de novembro deste ano.

Aníbal, eleito como primeiro suplente em sua coligação, que inclui PDT, PTB, PSB, PRP e PPL, espera a convocação de algum deputado eleito pela chapa como secretário de Camilo para que ele possa seguir como parlamentar em 2019, mantendo o foro privilegiado. Mauro Filho, ex-secretário de Camilo e deputado federal eleito, deverá assumir a Secretaria de Planejamento e deixar a cadeira para o demista, primeiro suplente da coligação.

Lentidão do STF

Diferentemente da primeira instância, que já condenou quase duzentas pessoas envolvidas em fraudes no âmbito da Lava Jato, o STF soma apenas uma condenação entre investigados com foro privilegiado (deputados, senadores e ministros): a do deputado Nelson Meures (PP-PR). No entanto o órgão deverá liberar para julgamento, em fevereiro de 2019, uma ação na qual Aníbal é acusado de receber R$ 3 milhões como contrapartida por interferências em contrato assinado pela Petrobras em 2008.

Delação de Jorge Luz

Segundo o jornal Estado de S.Paulo, o lobista Jorge Luz entregou uma extensa documentação com extratos de suas contas bancárias no exterior e detalhou como ocorriam os pagamentos de propina ao MDB. De acordo com o relato, Aníbal seria representante de Renan nas negociações ilícitas e indicava as contas no exterior onde a propina deveria ser depositada.

Outro lado

A defesa de Aníbal Gomes nega qualquer envolvimento nas condutas ilícitas citadas pelo lobista na delação e se põe à disposição do Judiciário para prestar esclarecimentos. Sobre a acusação que deverá ir a julgamento em fevereiro, o deputado cearense se diz “tranquilo” e consciente de sua inocência.

Foto: Câmara dos Deputados.