Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta (28), crescimento recorde da atividade informal no Brasil.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), houve uma diminuição no número de desempregados no último trimestre de 2018 em relação ao anterior, sendo que a maior parte das vagas de empregos foram geradas no mercado de trabalho informal, onde houve aumento de 528 mil pessoas trabalhando por conta própria e cerca de 498 mil empregados do setor privado sem carteira de trabalho – A Pnad Contínua registrou aumento de 1,1 milhão de pessoas ocupadas frente ao trimestre fechado em agosto- com isso, a informalidade atinge nível recorde na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

A pesquisa revela ainda que o desemprego ainda atinge 12,2 milhões de brasileiros, e que a queda em relação ao trimestre anterior é de 3,9% e de 2,9% em relação ao mesmo período do ano de 2017. Com isso, a taxa de desocupação caiu para 11,6% no trimestre encerrado em novembro.

Aumento de emprego sem carteira no Setor Privado

O aumento de empregados do setor privado sem carteira chegou a 4,5% nesse trimestre, totalizando 11,7 milhões de pessoas. Já o crescimento dos trabalhadores por conta própria foi de 2,3%, atingindo 23,8 milhões de pessoas. O trabalho doméstico com carteira assinada, por outro lado, caiu 4,4% no trimestre, com menos 81 mil pessoas empregadas.

Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, a informalidade vem acompanhada por uma série de fatores desfavoráveis como a falta de estabilidade, o rendimento baixo e a falta da segurança previdenciária.

“Desde o segundo trimestre de 2018, percebeu-se queda significativa da desocupação, o que seria uma notícia excelente não fosse o fato de ela vir acompanhada por informalidade. Ou seja, em termos de qualidade, há uma falha nesse processo de recuperação já que desde 2012, esse é o maior índice de informalidade medido pela PNAD Contínua”.

Entre as atividades que mais cresceram, no trimestre fechado em novembro, algumas são típicas da informalidade, como Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 266 mil pessoas), Alojamento e alimentação (mais 163 mil pessoas) e Outros serviços (mais 202 mil pessoas).

Ainda que a taxa de desocupação tenha caído em relação ao mesmo trimestre de 2017, quando foi 12,0% e frente a 2016 (11,9%), ela ainda representa quase o dobro do patamar de 2014, antes da crise econômica, quando registrava 6,5%. Em números absolutos são 12,2 milhões de pessoas em busca de trabalho no país.

De acordo com Cimar, devido à ausência de postos de trabalho com carteira assinada, existe uma geração de trabalho voltado para a sobrevivência, como motorista de aplicativo, ambulantes e serviços de alimentação. No entanto, como essas pessoas não se sentem seguras, elas não investem na aquisição de bens e isso trava o mercado de trabalho em um círculo vicioso.

“É importante que o mercado de trabalho volte a gerar postos com carteira para retornar a um círculo virtuoso de geração de emprego e renda, conclui Cimar.

A pesquisa mostrou, também, que o contingente de desocupados somados aos subocupados por insuficiência de horas (7 milhões) e força de trabalho potencial (7,8 milhões) chega a 27 milhões de pessoas subutilizadas no trimestre, o que representa uma taxa composta de subutilização de força de trabalho de 23,9%. Já o total de pessoas desalentadas (não buscaram trabalho) foi estimado em aproximadamente 4,7 milhões no trimestre.

Fonte: IBGE.

Foto: IBGE.