2022 está muito distante para qualquer candidatura nas eleições daquele ano. No Interior, quando tratam de projetos de longo prazo, dizem sempre que, “até lá, morre o boi e quem o tange”. Ou, “por baixo da ponte ainda vai passar muita água”. Ciro não está candidato à sucessão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), embora possa sê-lo, se favorecidas forem as circunstâncias do momento, à época, favorecer. De fato, ele quer ser, agora, o líder da oposição ao governo a ser inaugurado em primeiro de janeiro de 2019, na expectativa de, com outros descontentes, reduzirem as forças do PT.

Mas Haddad, no discurso de reconhecimento da derrota, domingo à noite   arvorou-se de líder da oposição, citando os aproximadamente 45 milhões de votos conquistados, embora sabidamente, e ele próprio destacou, são também de eleitores ligados a outros candidatos e partidos, determinantemente contrários ao presidente eleito. Resta saber se ele, integrante de um partido tão desgastado como o PT, terá a respeitabilidade necessária para assumir tal posição.

Ciro saiu da disputa deveras magoado com o PT, com o ex-presidente Lula, mais precisamente. Realmente, ele foi tratado por Lula como o principal adversário petista no pleito presidencial. Nada demonstra ter contra o derrotado Haddad, com quem tinha bom diálogo, e era um dos nomes apontados por filiados do próprio PT para ser o seu candidato a vice-presidente. O governador Camilo Santana, do Ceará, foi o primeiro a lançar a chapa presidencial Ciro com Haddad.

A declaração enfática de Ciro, domingo, quando acabara de votar, em Fortaleza, de que jamais faria campanha para o PT, ressalvando a situação do Ceará com o governador Camilo Santana, só não foi proferida na sexta-feira à noite quando desembarcou em Fortaleza, de férias na Europa, após a votação do primeiro turno da eleição presidencial, e nem no sábado passado, para evitar ser responsabilizado pela derrota de Haddad,  principalmente, após os apelos públicos feitos pelo petista derrotado.

Tem consistência o discurso de desconfiança de Ciro quanto ao governo de Bolsonaro, assim como o de Haddad, se o eleitorado brasileiro o tivesse escolhido. O primeiro, nas poucas entrevistas concedidas, assim como nos raros debates a que foi submetido, mostrou estar aquém daquela ou daquele reclamado para enfrentar e solucionar os problemas nacionais. Por seu turno, a subserviência de Haddad a Lula, aliada à imagem negativa do PT, tornaram obscura todas as qualidades que porventura as tenha para ser o primeiro governante do País.

Com os problemas nacionais persistindo, e não precisa ser cético para acreditar que persistirão, será fácil fazer oposição. 

Foto: Campanha Ciro Gomes.