Acrísio Sena criticou o que chamou de politização do judiciário. Foto: ALECE

Nesta terça-feira (11), deputados de oposição e situação utilizaram-se de seus tempos de discurso na Assembleia Legislativa do Ceará para comentar as conversas entre o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador da Operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol, publicadas pelo site The Intercept Brasil, no último domingo (10).

O deputado estadual Acrísio Sena (PT) abriu o primeiro expediente da Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (11) criticando o teor do que fora publicado. Segundo Sena, as conversas mostram o ex-juiz Moro sugerindo que o procurador Dallagnol tivesse atitudes direcionadas no intuito de prejudicar, naquela ocasião, o ex-presidente Lula, para retirá-lo do páreo da disputa à Presidência da República e levá-lo à cadeia.

Segundo o parlamentar, os fatos publicados colocam em ‘suspeição todas as decisões tomadas pela chamada Operação Lava-Jato. Na prática, fere a Constituição, que determina que não haja troca de informações entre juízes e procuradores’. O petista lamentou o que chamou de ‘politização de setores judiciais’, além de destacar a repercussão do caso no noticiário internacional.

Apartes

O deputado Dr. Carlos Felipe (PCdoB) lembrou do vazamento de conversas privadas entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, divulgadas pelo próprio Sérgio Moro, quando ainda era juiz. Já Elmano de Freitas (PT) disse que ‘nenhum cidadão de bem ache razoável que um juiz e um promotor combinem como vão condenar alguém’. O petista afirmou que o julgamento de Lula tem que ser considerado nulo e que espera que o STF tenha a coragem de decidir isso. “Não pode haver combinação entre juiz e procurador, nem contra Lula nem contra ninguém, e acho que os envolvidos teriam que responder por isso”, concluiu. Fernando Santana (PT) acrescentou que todos na Casa estão ‘estupefatos’ com o conteúdo das conversas. Acrísio Sena terminou sua fala bradando ‘Lula livre’.

Defesa da Lava-Jato

Utilizando-se do Pela Ordem e do Tempo de Liderança do PSL, o deputado Delegado Cavalcante criticou o vazamento das conversas, que chamou de “mais uma ação criminosa da turma do ex-presidente Lula para tramar e desacreditar a maior operação de combate ao crime, a Operação Lava-Jato”. Já com o Plenário esvaziado, o parlamentar afirmou que o conteúdo das conversas não configura crime algum, havendo irregularidade apenas na divulgação das conversas, a qual classificou como ‘criminosa’.

Para Cavalcante, tudo não passou de uma armação promovida pelo jornalista Glenn Greenwald, um dos proprietários do site The Intercept Brasil, para tentar soltar o ex-presidente Lula. O deputado afirmou que Greenwald criou o site para ajudar a eleger o marido, que acabou herdando a vaga de deputado deixada por Jean Wyllys (PSOL). “Isso não passa de uma tentativa de paralisar, não só a Operação Lava-Jato, como o combate à corrupção no país”, concluiu.

Também utilizando-se do tempo de liderança, o deputado Salmito Filho (PDT) foi mais um a tratar da temática. Ele afirmou que a operação Lava-Jato merece críticas, mas não podemos deixar de reconhecer o combate à corrupção. Criticou o que chamou de destruição das empresas envolvidas, o que seria ruim para a economia nacional. “O combate à corrupção tem que ser feito, mas deve ser dentro das regras do estado de direito. O que não pode é um juiz de direito orientar uma das partes. Se nas conversas estivesse o juiz orientando a defesa, com certeza a base governista estaria criticando”, disse o parlamentar, que ainda ressaltou os prêmios conquistados pelo jornalista Glenn Greenwald.

Salmito disse que o material publicado é muito grave e que, acredita ele, novas revelações virão. “Um juiz de direito não pode se comunicar com nenhuma das partes. Não sou eu que estou dizendo, é a lei”, sentenciou o pedetista.

Para finalizar, utilizou-se do tempo de liderança o deputado Vitor Valim (PROS). Mesmo sendo interrompido com uma rápida queda de energia no Plenário, Valim disse que essas informações foram conseguidas de forma ‘sorrateira’ e destacou que a Operação Lava-Jato colocou atrás das grades políticos de todos os partidos.