Salmito partiu em defesa de Ciro e Cid Gomes. Foto: ALECE

O clima esquentou na Assembleia Legislativa do Ceará, no final da manhã desta quarta-feira (15). Já nos discursos pela ordem, o deputado Salmito (PDT) não poupou críticas ao governo Jair Bolsonaro. Na sequência, o deputado André Fernandes (PSL) elevou o tom na defesa do presidente.

Salmito Filho criticou o contingenciamento do Orçamento na Educação, chamando de ‘desgoverno Bolsonaro’ a gestão. Pouco depois, foi a vez de André Fernandes usar de seus minutos disponíveis para tratar do assunto. “Não poderia deixar de me posicionar, como aliado número um ao governo Bolsonaro aqui no Estado”, iniciou.

Elevando o tom de voz, chamou de ‘fake news’ o criticado corte de 30% na educação. “O corte será apenas nas despesas não obrigatórias, isso ninguém vem dizer!”. O parlamentar afirmou que manifestações como as ocorridas hoje em diversas partes do país são válidas, mas ponderou que “estudantes estão indo manisfestar-se levantando bandeira de ‘Lula Livre’. Pergunto, estão lutando contra o corte das despesas, ou estão sendo usados como massa de manobra para defender presidiário?”, questionou.

Fernandes criticou as manifestações de Salmito e de outros parlamentares dizendo que o líder deles está preso, numa referência ao ex-presidente Lula. Afirmou ainda que não defende corte algum para a educação, mas fez uma ponderação. “Se temos despesas, se temos dívidas, é muito populismo chegar e dizer que é contra cortes, é contra a Reforma da Previdência. Se você é contra isso tudo, me mostre uma proposta para resolver isso de outra forma”, disse. Para finalizar, fez um apelo ao deputado federal Capitão Wagner (PROS). “Capitão, hoje nós no aqui no Ceará vivemos sob uma quadrilha chamada Ferreira Gomes. Vamos atacar Camilo, vamos mostrar transparência, mostrar que o problema do Ceará são os Ferreira Gomes e não atacar seu aliado, Jair Bolsonaro”, concluiu.

Direitos de resposta

Fernandes chamou de ‘fake news’ os cortes na Educação. Foto: ALECE

Após o discurso de André Fernandes, Salmito solicitou um direito de resposta, concedido pelo deputado Danniel Oliveira, que presidia a mesa. “Vossa excelência disse que meu líder político está preso. Mas está enganado. Meu líder político no Estado do Ceará é o Ciro, é o Cid. Vossa excelência defende o presidente Jair Bolsonaro, eu defendo esses cidadãos que tanto já fizeram pelo Estado do Ceará. Meus líderes políticos não estão presos”, ponderou.

Salmito defendeu os números de Ciro Gomes quando ministro, de Cid Gomes na educação quando governador, a gestão fiscal de Camilo Santana, à ‘revolução’ no transporte urbano de Roberto Cláudio.

No discurso seguinte, Romeu Aldigueri (PDT) também criticou a fala de Fernandes, lamentando que ele não tenha usado seu tempo para rebater com dados as críticas que o Governo Federal tem recebido da imprensa nacional. Aproveitou para também criticar os cortes federais no setor da Educação.

Em novo direito de resposta, André Fernandes voltou ao púlpito. “Se não cortarmos gastos, em setembro não haverá dinheiro para pagar o Bolsa Família. O deputado Salmito disse que apoiou Ciro, mas quem apoiou o Ciro depois apoiou o Haddad, que é braço-direito de Lula, então é tudo a mesma coisa e, para mim, deveriam estar todos presos”, concluiu.

O deputado pedetista Queiroz Filho também defendeu Ciro e Cid gomes, criticando a generalização feita por Fernandes. Lembrou ainda que Ciro Gomes em nenhum momento declarou voto em Haddad no segundo turno da eleição presidencial.

Líder do governo na Casa, Júlio César Filho (Cidadania) pediu ponderação nos discursos, que se mantenha o nível. “Aqui não é palanque”, disse. Já Sérgio Aguiar (PDT) fez questão de demonstrar apoio a Ciro e Cid Gomes, dizendo que relacioná-los a quadrilha é um total devaneio.

Já em seu tempo de liderança, Salmito Filho voltou a discursar, colocando panos quentes na discussão. “Hoje tivemos aqui um bom debate”, disse, cobrando porém que os defensores do Governo Bolsonaro tragam argumentos em defesa dos cortes na Educação e da Reforma da Previdência.