Deputados governistas no Plenário da Assembleia Legislativa. Foto: Assembleia Legislativa.

Na próxima segunda-feira (27) o governador Camilo Santana, segundo correligionários seus, vai receber os deputados estaduais que formam a base de apoio ao Executivo estadual. Há insatisfações latentes no grupo governista. Reservadamente, alguns parlamentares registram seus inconformismos, ao tempo que demonstram torcer por uma oposição mais aguerrida, para permitir que eles possam ser valorizados tanto quanto entendem merecer. Não estar presentes às sessões de votações de matérias de interesse do Governo é uma das táticas utilizadas para serem procurados, como aconteceu na sessão deliberativa da Assembleia Legislativa desta quinta-feira (23), como também já ocorrera em outras oportunidades.

Hoje, já perto das 15 horas, o deputado Evandro Leitão, presidente da sessão em que seriam votadas algumas proposições de interesse do Governo, uma das quais, segundo o líder governista, deputado Júlio César, capaz de permitir ao Estado uma arrecadação de dívidas no montante aproximado de R$ 100 milhões, anunciou a falta de quórum para as votações. Menos de 24 deputados estavam em plenário, quando a base aliada tem 38 parlamentares, o suficiente para aprovar qualquer projeto.

Foram infrutíferas as tentativas, manobras e apelos, até mesmo a deputados de oposição, para a liderança do Governo garantir o número mínimo de deputados em plenário, indispensável para iniciar o processo de votação. Vários governistas apelaram para deputados de oposição registrarem suas presenças para permitir o curso do processo deliberativo, ao tempo que eram disparadas ligações telefônicas de convocação de aliados que tinham estado cedo na Assembleia.

O deputado Renato Roseno, um dos oito oposicionistas no Legislativo cearense, observou este ponto: a falta de capacidade da liderança do Governo de reunir o mínimo de 24 deputados, no universo de 38 aliados, para garantir o processo de votação das matérias do Poder Executivo.  No início deste mês aconteceu o mesmo. Os aliados do Governo não estavam no plenário para a votação da pauta de interesse do Palácio da Abolição, exigindo a interferência de assessores governamentais para sensibilizar os deputados a irem votar, num dia diferente do estabelecido para deliberações.

Alguns dos parlamentares insatisfeitos vão ao encontro com o governador na próxima segunda-feira, mas fazem restrições a esse tipo de reunião. Nelas, os problemas individuais sequer são externados, quanto mais resolvidos.  Os políticos só solucionam suas questões, mesmo as republicanas, em reuniões individualizadas, até pelo fato de mesmo sendo todos de um mesmo grupo ou partido, no fundo são mesmo é adversários uns dos outros, portanto, as benesses políticas buscadas por uns não devem ser do conhecimento dos demais.

Mas o esvaziamento do plenário da Assembléia não é apenas por conta da insatisfação de deputados governistas. Os atuais deputados, com exceção de alguns que estão no primeiro mandato, não gostam do plenário. A grande maioria registra presença e, quando não vai cuidar de seus interesses pessoais fora do Legislativo, ficam em seus gabinetes, quase sempre alheios ao que acontece no coração do Legislativo, o seu plenário. Uns poucos, dos assíduos à utilização da tribuna, fazem questão de, no início de seus pronunciamentos, nominarem os quatro ou cinco deputados que participam da sessão, um modo de registro de seus descontentamentos com a ausência da maioria.

 

Acompanhe comentário do jornalista Edison Silva: