Plenário da Assembleia Legislativa e galeria tem dia movimentado. Foto: Blog do Edison Silva.

Já era noite desta quinta-feira (09) quando foi concluída, na Assembleia Legislativa cearense, a  votação do projeto de lei do deputado Evandro Leitão (PDT) autorizando a venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol do Estado do Ceará, com algumas emendas, dentre elas a de que nos dias de clássicos, os jogos do Ceará com o Fortaleza, as bebidas não serão vendidas.

Agora o projeto vai ser encaminhado ao governador Camilo Santana, para sancionar ou vetar, após o que a nova lei entra em vigor.  O projeto aprovado, além das muitas emendas apresentadas, suscitou uma ampla discussão no plenário. Um total de 12 deputados ocupou a tribuna da Casa discutindo a proposição. Só no fim dos debates dois pronunciamentos foram mais fortes: o do deputado Soldado Noélio e o do deputado Tin Gomes.

Contrários e favoráveis travaram amplo debate na sessão desta quinta-feira. Foto: Blog do Edison Silva.

Noélio acusou o governador de pressionar deputados para votarem a favor do projeto. Tin Gomes respondeu forte, negando as interferência do Chefe do Executivo. A contestação de Tin garantiu a Noélio um direito de resposta e este reafirmou sua declaração de que Camilo Santana havia sim ligado para deputado. “Que o governador estava ligando para pedir votos estava. Todo mundo sabe disso aqui”, enfatizou, acrescentando, “vamos ter coragem de assumir o nosso posicionamento”.

O líder do Governo, Júlio Cesar e o também pedetista Romeu Aldigueri, protestaram contra a fala de Soldado Noélio, reafirmando que o governador não havia interferido no processo de votação da matéria, tanto que vários governistas, inclusive o vice-líder do Governo, Walter Cavalcante, era contra a venda de bebidas nos estádios. Sem citar os envolvidos, o Apóstolo Luiz Henrique fez a defesa do deputado Saldado Noélio ao dizer que tinha gente ali falando a verdade e estava sendo condenado.

Interrompida

Um total de quarenta deputados compareceu ao plenário da Assembleia.  Além deles estiveram no plenário da Assembleia, ao longo do dia, um grupo de promotores, dirigentes de clubes de futebol e muitos populares nas galerias. Em lados opostos estavam o ex-deputado Gony Arruda, autor desse mesmo projeto na legislatura passada, e a ex-deputada Mirian Sobreira, integrante do quadro de secretários do governador Camilo Santana, ao lado do filho, deputado Marcos Sobreira, contra a aprovação da matéria.

Deputados consultaram eleitores sobre o tema em redes sociais. Foto: Blog do Edison Silva.

A sessão só foi interrompida para a reunião das comissões técnicas que apreciaram as emendas apresentadas ao projeto, pouco antes da votação. Algumas das emendas foram acordadas entre as partes, inclusive a que obriga o Estado, quando fizer parceria público privada, ou mesmo um contrato de concessão para a exploração da Arena Castelão por particulares, impor um percentual da venda das bebidas para entidades assistenciais.

Nos discursos de encaminhamento da votação, iniciado pelo deputado Delegado Cavalcante, os argumentos de defesa e rejeição apontavam vários motivos. Cavalcante começou denunciando as práticas criminosas que são registradas no Castelão.  Sem acusações, mas com argumentos consistentes em defesa da família, falou a deputada Fernanda Pessoa.

Sem afetação, o deputado Evandro Leitão defendeu sua proposição e pediu desculpas aos colegas por alguns excessos cometidos ao longo das discussões da proposição. Heitor Férrer, falou como profissional da medicina, ressaltando as consequências da ingestão de bebidas alcoólicas. Antes, Carlos Felipe havia feito pronunciamento na mesma linha, ao afirmar que de dez pacientes que chegam aos hospitais de emergência, seis beberam ou foram vítimas de quem bebeu.

Pilatos

O deputado David Durand (PRP), bispo da Igreja Universal, foi um dos últimos a falar, justificando o voto. Ele acompanhou o discurso dos evangélicos, condenando a facilitação da venda de bebidas, ressaltou o problema da violência e as consequências da bebida, para concluir exibindo uma vazia com água repetindo uma cena atribuída a Pilatos, quando da condenação de Jesus Cristo à crucificação, que ele lavou as mãos para não ficarem manchadas com o sangue de um inocente. O deputado lavou suas mãos no plenário da Assembleia e exibiu-as dizendo que estavam limpas.