João Doria discursa durante convenção do PSDB. Imagem/PSDB.

O PSDB fez sua  convenção nacional hoje (31), em Brasília, tendo como figura central o governador do Estado de São Paulo, João Dória. Como participantes secundários do evento, algumas poucas figuras até bem pouco consideradas exponenciais, como próprio Geraldo Alckmin, José Serra e Tasso Jereissati. Fernando Henrique não esteve lá. Ele, talvez, seja o mais desapontado com a realidade atual, consciente, como os demais da velha guarda, fundadores e antigos filiados, de que os ideais motivadores da criação do partido estão em fase de evaporação.

O tucanato, nascido da desfiliação de um grupo de paulistas do então MDB, que logo ganhou adeptos em vários estados brasileiros, inclusive no Ceará, quando Tasso Jereissati, após eleito governador do Estado pela primeira vez, na segunda metade da década de 1980, começou a perder força com a eleição do ex-presidente Lula (PT), derrotando o hoje senador José Serra, candidato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para sucedê-lo na chefia da Nação.

De lá para cá o partido só definhou, chegando ao mais degradante momento quando teve alguns dos seus denunciados por práticas criminosas, outrora tão combatidas pelos “cabeças brancas” da sigla. A última eleição presidencial, com um dos seus melhores quadros, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tendo uma votação pífia, permitiu que Dória, político criado por Alckmin, sem qualquer constrangimento defenestrasse-o, e por extensão, a todos os demais representantes da sigla no cenário nacional.

Os fundadores e mais antigos filiados ao PSDB, realmente, não têm mais comum buscarem uma nova filiação. E como não tiveram força de escolher uma nova liderança maior para a sigla, terão que conviver com essa realidade, como se entende da entrevista do senador Tasso Jereissati, no ambiente da convenção de hoje.

Ceará

O PSDB cearense, como o nacional, não tem boas perspectivas. O novo presidente estadual da agremiação, o ex-senador Luiz Pontes, tem boa vontade, credibilidade e liberdade para buscar novos filiados, pois é a pessoa mais próximo a Tasso, a principal liderança da sigla neste Estado, mas defronta-se com grandes obstáculos, o principal deles, o desmoronamento de suas bases. Há várias eleições o partido é muito pequeno no Interior e mais ainda na Capital. No pleito passado, os verdadeiros tucanos: Raimundo Gomes de Matos e Carlos Matos, foram derrotados na disputa para reelegerem-se, respectivamente deputado federal e estadual. O general candidato a governador não decolou.

Na disputa municipal anterior, foi muito pequena a votação dada aos candidatos do PSDB em Fortaleza e nos principais municípios do Estado. Sem se fazer exercício de futurologia, pode-se afirmar que as eleições municipais do próximo ano não lhes parecem promissoras com um candidato próprio à Prefeitura da Capital, e nem em outros grandes municípios, a exceção de Maracanaú, se Roberto Pessoa, um tucano cujas penas ainda não cresceram, for realmente postulante ao cargo de prefeito.

Como o MDB, para participar da eleição de Fortaleza, em 2020, sem amargar decepção tal qual a dos últimos pleitos, o PSDB haverá de ser coadjuvante, isto é, terá que apoiar um candidato, naturalmente de oposição ao nome a ser apresentado pelo prefeito Roberto Cláudio, quando poderá ter oportunidade de eleger alguém ou alguns para a Câmara Municipal. É natural que filiados do partido falem em candidato próprio, citando inclusive o nome do ex-deputado Carlos Matos. Descartando ter candidato próprio agora, mais difícil será receber novas filiações e muito menos de pretensos candidatos ao Legislativo municipal, mas lembram-se todos da candidatura de Marcos Cals à Prefeitura de Fortaleza, ainda mais sendo um dos bons quadros da política cearense.

Acompanhe o comentário do jornalista Edison Silva.